«Estamos a caminho e a nossa meta comum é Jesus Cristo»: uma meta que «não está longe, não é inalcançável». Foi com estas palavras que o Papa Francisco se dirigiu aos membros da delegação ecuménica da Finlândia, recebidos na Biblioteca particular do Palácio apostólico do Vaticano na manhã de 19 de janeiro, por ocasião da festa de Santo Henrique.
Prezados irmãos e irmãs, bom dia!
A todos vós, membros da Delegação ecuménica finlandesa, dirijo as minhas cordiais boas-vindas: «Graça e paz vos sejam dadas da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo» (Rm 1, 7).
Estou feliz por terdes vindo a Roma também este ano como peregrinos para celebrar juntos a festa de Santo Henrique, na forma ecuménica já consolidada. Saúdo em particular quantos participam nesta peregrinação pela primeira vez; e pela primeira vez acolho-te, amado irmão Raimo, como novo Bispo católico de Helsínquia: que o Senhor abençoe o teu ministério!
Caro Bispo Åstrand, agradeço-lhe do fundo do coração as suas reflexões, que partilha sempre tão bem, cheias de referências aos testemunhos dos santos e de espírito de ecumenismo. E agradeço também pelos dons, que são muito bem pensados.
Fiquei impressionado com as suas reflexões sobre o valor do caminho e da Igreja peregrina. Como membros da comunidade de batizados, estamos a caminho e o nosso objetivo comum é Jesus Cristo. E esta meta não está longe, não é inalcançável, pois Nosso Senhor veio ao nosso encontro na sua misericórdia, aproximou-se na Encarnação e fez-se Caminho, para que possamos caminhar seguros, no meio das encruzilhadas e das falsas indicações do mundo muitas vezes falacioso.
Os santos são irmãos e irmãs que percorreram este caminho até ao fim e chegaram à meta. Eles acompanham-nos como testemunhas vivas de Cristo, nosso Caminho, Verdade e Vida. Encorajam-nos a permanecer na senda do discipulado, até quando temos dificuldades, quando caímos. Como luzes acesas por Deus, brilham diante de nós para que não percamos de vista a meta. «Confiai na graça de Deus! — dizem-nos — Ele ama-vos e chama também a vós para serdes santos» (cf. Rm 1, 7).
Ao ouvi-lo falar e ao ouvir falar das vossas realidades, dou graças a Deus, porque houve momentos em que a veneração dos santos parecia dividir, em vez de unir, os crentes católicos e ortodoxos, por um lado, e os crentes evangélicos, por outro. Mas não é assim que deve ser, e, na realidade, nunca o foi na fé do santo Povo fiel de Deus. Na Liturgia eucarística, rezamos assim ao nosso Pai celeste: «A multidão dos santos proclama a vossa grandeza, porque, ao coroar os seus méritos, coroais a obra da vossa graça» (Prefácio dos Santos i ). E, além disso, a Confessio augustana, no 21º artigo, afirma que «os santos devem ser recordados, para fortalecer a nossa fé, quando vemos como receberam a graça e como foram ajudados pela fé; e para tomar exemplo das suas boas obras».
Queridos irmãos e irmãs, recordastes alguns grandes santos nórdicos: Brígida, Henrique e Olavo. Isto faz-nos pensar naquilo que o Papa São João Paulo ii escreveu na Encíclica Ut unum sintt: «Gostaria — cito — de recordar aquele encontro de oração que me uniu, na própria Basílica de São Pedro, para a celebração das Vésperas, com os Arcebispos luteranos, Primazes da Suécia e da Finlândia, por ocasião do vi centenário da canonização de Santa Brígida. [...] Trata-se de um exemplo, porque a consciência do dever de rezar pela unidade tornou-se parte integrante da vida da Igreja» (n. 25). Se o milénio da morte de Santo Olavo, em 2030, puder inspirar e aprofundar a nossa oração pela unidade, e também o nosso caminhar juntos, será um dom para todo o movimento ecuménico.
Caríssimos, agradeço-vos, porque este encontro convosco é um sinal vivo no contexto da Semana de oração pela unidade dos cristãos, que começou ontem. Façamos com que este encontro ecuménico não se reduza a um compromisso e não se torne autorreferencial: que tenha sempre a linfa vital do Espírito Santo e esteja aberto para acolher os irmãos mais pobres e esquecidos, e também aqueles que se sentem abandonados por Deus, que perderam o caminho da fé e da esperança.
E agora gostaria de vos convidar a recitar juntos a oração do Senhor. Cada um de nós pode fazê-lo na própria língua. Invoquemos o nosso Pai celestial: “Pai nosso...”.