Foi sobre a paz, «palavra tão frágil e, ao mesmo tempo, exigente e cheia de significado», que o Papa Francisco convidou o Corpo diplomático acreditado junto da Santa Sé a refletir durante a audiência de 9 de janeiro, para a tradicional troca de bons votos no início do novo ano, «num momento histórico em que está cada vez mais ameaçada, enfraquecida e, em parte, perdida». Além disso, esclareceu o Pontífice, «é tarefa da Santa Sé, no seio da comunidade internacional, ser voz profética e apelo à consciência». Pois, explicou, qualquer guerra é um enorme e inútil massacre e as vítimas civis não são «danos colaterais», mas homens e mulheres com nome e sobrenome.
«Não posso deixar de reiterar a minha preocupação com o que acontece na Palestina e em Israel», disseS, desenhando idealmente um mapa dos conflitos e divisões em curso: Síria, Líbano, Myanmar, com «a emergência humanitária que ainda afeta os Rohingyas»; da «guerra em grande escala da Federação russa contra a Ucrânia», que «está cada vez mais enraizada», à situação tensa «no Sul do Cáucaso, entre a Arménia e o Azerbaijão». Sem esquecer a África, com «o sofrimento de milhões de pessoas devido às múltiplas crises humanitárias em que se encontram vários países subsarianos, devido ao terrorismo internacional, a problemas sociopolíticos complexos e aos efeitos devastadores causados pelas mudanças climáticas, a que se unem os golpes de Estado militares ocorridos em certos países e processos eleitorais caraterizados pela corrupção e pela intimidação»; mas também a Etiópia, com a questão de Tigray, e toda a região do Corno de África; e ainda o Sudão, os Camarões, Moçambique, a República Democrática do Congo e o Sudão do Sul. Por fim, «embora não haja guerras abertas», também «nas Américas, entre alguns países, por exemplo entre a Venezuela e a Guiana, há fortes tensões, enquanto noutros, como o Peru», há «problemas de polarização», e na Nicarágua há uma crise «que se prolonga no tempo com consequências dolorosas para toda a sociedade, em particular para a Igreja católica».
A pobreza e a crise climática foram outros dos temas abordados por Francisco, também com referência às causas da questão migratória. Depois, a denúncia de crimes provocados por violações do direito internacional humanitário e uma menção à defesa da vida, à liberdade religiosa e ao respeito pelas minorias, terminando com o desejo de uma utilização ética das novas tecnologias e um olhar para o Jubileu que terá início no próximo Natal.