· Cidade do Vaticano ·

No Angelus o Pontífice recordou o encontro que teve lugar há sessenta anos em Jerusalém

Do histórico abraço entre Paulo vi e Atenágoras uma lição de unidade e de paz

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11 janeiro 2024

Uma "lição" de unidade e de paz: foi assim que o Papa Francisco recordou, no final do Angelus de 6 de janeiro, o 60º aniversário do histórico abraço em Jerusalém entre Paulo vi e o Patriarca Atenágoras. Ao meio-dia, da janela do Palácio apostólico do Vaticano o Pontífice guiou a oração mariana com os quarenta mil fiéis presentes na praça de São Pedro e quantos o seguiam através dos meios de comunicação social, oferecendo uma meditação sobre a solenidade da Epifania.

Queridos irmãos e irmãs, bom dia e boa festa!

Hoje celebramos a Epifania do Senhor, ou seja, a sua manifestação a todos os povos, personificados pelos Magos (cf. Mt 2, 1-12). São sábios buscadores que, depois de se terem deixado interrogar pela aparição de uma estrela, se põem a caminho e chegam a Belém. Aí encontram Jesus, «com Maria, sua mãe», prostram-se e oferecem-lhe «ouro, incenso e mirra» (v. 11).

Sábios que reconhecem a presença de Deus num Menino simples: não num príncipe ou num nobre, mas num filho de gente pobre, e prostram-se diante dele, adorando-o. A estrela conduziu-os até ali, diante de um Menino; e eles, nos seus olhos pequenos e inocentes, captam a luz do Criador do universo, a cuja busca dedicaram a sua existência.

É a experiência decisiva para eles e importante também para nós: no Menino Jesus, vemos Deus feito homem. Por isso, olhemos para ele, admiremos a sua humildade. Contemplar Jesus, estar diante dele, adorá-lo na Eucaristia: não é perder tempo, mas é dar sentido ao tempo. Adorar não é perder tempo, mas dar sentido ao tempo. Isto é importante, repito: adorar não é perder tempo, mas dar sentido ao tempo. É encontrar o rumo da vida na simplicidade de um silêncio que alimenta o coração.

E encontremos também tempo para olhar para as crianças, como os Magos olham para Jesus: os pequeninos que também nos falam de Jesus, com a sua confiança, a sua espontaneidade, a sua admiração, a sua sã curiosidade, a sua capacidade de chorar e de rir com simplicidade, de sonhar. Deus fez-se assim: Menino, confiante, sincero, amante da vida (cf. Sb 11, 26). Se estivermos diante do Menino Jesus e na companhia das crianças, aprenderemos a admirar-nos e recomeçaremos de modo mais simples e melhor, como os Magos. E saberemos ter um olhar novo, um olhar criativo sobre os problemas do mundo.

Então, perguntemo-nos: durante estes dias, parámos para adorar, demos espaço a Jesus em silêncio, rezando diante do presépio? Passámos algum tempo com as crianças, conversando e brincando com elas? E, por fim, somos capazes de ver os problemas do mundo com o olhar das crianças?

Que Maria, Mãe de Deus e nossa, aumente o nosso amor pelo Menino Jesus e por todas as crianças, especialmente pelas que são provadas por guerras e injustiças.

Depois do Angelus, Francisco, recordando o encontro entre o Papa Montini e o Patriarca ecuménico, exortou a rezar pela paz no Médio Oriente, mas também na Ucrânia e onde quer que haja conflitos. Em seguida, expressou a sua solidariedade para com o povo iraniano pelo ataque terrorista em Kerman e agradeceu às crianças que apoiaram o Dia da Infância Missionária. Por fim, saudou os participantes nas procissões folclóricas dedicadas aos Reis Magos por ocasião da solenidade da Epifania.

Amados irmãos e irmãs!

Há sessenta anos, nestes mesmos dias, o Papa São Paulo vi e o Patriarca Ecuménico Atenágoras encontraram-se em Jerusalém, abatendo um muro de incomunicabilidade que durante séculos tinha mantido separados católicos e ortodoxos. Aprendamos com o abraço destes dois grandes da Igreja no caminho da unidade dos cristãos, rezando juntos, caminhando juntos, trabalhando juntos.

E pensando nesse gesto histórico de fraternidade realizado em Jerusalém, rezemos pela paz no Médio Oriente, na Palestina, em Israel, na Ucrânia, no mundo inteiro. Tantas vítimas de guerras, tantas mortes, tanta destruição... Rezemos pela paz.

Expresso a minha proximidade ao povo iraniano, em particular às famílias das numerosas vítimas do atentado terrorista de Kerman, aos numerosos feridos e a todos aqueles que são atingidos por esta grande dor.

A Epifania é o Dia da Infância Missionária. Saúdo as crianças e os jovens missionários de todo o mundo, agradeço-lhes o empenho na oração e no apoio concreto ao anúncio do Evangelho e, em particular, à promoção das crianças em terras de missão. Obrigado, muito obrigado!

Saúdo com alegria os participantes na procissão histórica e folclórica, que este ano é dedicada ao território do Vale do Rio Tibre e aos seus valores humanos e religiosos.

Saúdo os fiéis que vieram da Alemanha, os jovens do Movimento “Tra Noi”, os “Amigos da História e das Tradições”, de Carovilli, e o grupo avis, de Paderno Franciacorta. E dirijo a minha bênção também aos participantes na grande Procissão dos Reis Magos em Varsóvia e em muitas cidades da Polónia.

E desejo a todos uma feliz Epifania. Por favor, continuai a rezar por mim e ide em frente, com coragem! Que o Senhor vos abençoe. Bom almoço e até à vista!