«O sofrimento de Belém» é «uma ferida aberta para o Médio Oriente e para o mundo inteiro», disse o Papa Francisco na saudação aos figurantes e operadores do presépio vivo da basílica de Santa Maria Maior, recebidos em audiência na manhã de 16 de dezembro, na Sala Paulo vi .
Prezados irmãos e irmãs
bom dia e bem-vindos!
Viestes já com os trajes para o Presépio vivo desta tarde, em Santa Maria Maior. Obrigado! Agradeço ao Cardeal [S. Ryłko, Arcipreste da Basílica] e agradeço ao Arcebispo Makrickas que envolveu tantos de vós nesta bonita iniciativa.
A Basílica de Santa Maria Maior conserva a relíquia do berço de Jesus e, por isso, tem uma ligação muito especial com Belém e com o presépio. Com efeito, conserva também o grupo escultural de Arnolfo di Cambio, encomendado pelo Papa Nicolau iv , considerado o primeiro presépio da história da arte. Por isso quero partilhar convosco apenas duas reflexões, para vos acompanhar ao longo do dia. Dois pensamentos.
Em primeiro lugar, penso em São Francisco. O presépio vivo, sabemo-lo, foi ele quem o inventou, em Greccio, há precisamente 800 anos. Mas é importante recordar o motivo dessa sua invenção, compreender o seu significado, para não a reduzir a um simples elemento de folclore. Francisco quis retratar o nascimento de Jesus ao vivo para suscitar nos frades e no povo a emoção, a ternura diante do mistério de Deus nascido de Maria num estábulo e colocado numa manjedoura. Ele queria dar vida à representação: não uma pintura, não estátuas, mas pessoas em carne e osso, para que sobressaísse a realidade da Encarnação. Assim, a primeira reflexão que vos deixo é esta: o presépio vivo tem por objetivo despertar no coração o assombro perante o mistério de Deus que se fez menino.
O segundo pensamento é para os nossos irmãos e irmãs de Belém, a Belém de hoje. E, naturalmente, estende-se a todos os habitantes da Terra onde Jesus nasceu, viveu, morreu e ressuscitou. Sabemos qual é a situação, por causa da guerra, consequência de um conflito que dura há décadas. Por isso, a vossa representação deve ser vivida em solidariedade com estes irmãos e irmãs que tanto sofrem. Para eles, prenuncia-se um Natal de dor e luto, sem peregrinos, sem celebrações. Não queremos deixá-los sozinhos. Estejamos perto deles com a oração, com a ajuda concreta e também com o vosso Presépio vivo, que recorda a todos como o sofrimento em Belém é uma ferida aberta para o Médio Oriente e para o mundo inteiro. Neste Natal, pensemos, pensemos na Terra Santa.
Amados irmãos e irmãs, desejo que vivais este dia com fé e alegria; que ele seja um testemunho do Evangelho! Abençoo de coração todos vós, bem como os vossos entes queridos. E não vos esqueçais de rezar por mim. Feliz Natal!