· Cidade do Vaticano ·

Saborear a beleza da liturgia

 Saborear a beleza da liturgia  POR-046
16 novembro 2023

Um «marco miliário» no caminho da Igreja no Brasil: assim a definiu a terceira edição típica do Missal Romano no Brasil, o presidente da Conferência episcopal, Dom Jaime Spengler, durante a apresentação oficial do novo volume, fruto — realçou o arcebispo de Porto Alegre — de «um imenso trabalho levado a cabo ao longo de quase duas décadas». Também participaram na apresentação, transmitida pela televisão e pelas redes sociais, o bispo secretário-geral, Dom Ricardo Hoepers, presidente das Edições Cnbb, o bispo de Bonfim, Dom Hernaldo Pinto Farias, presidente da Comissão episcopal para a liturgia, e o núncio apostólico no Brasil, Dom Giambattista Diquattro. Este último frisou que o resultado dos trabalhos reflete bem a orientação traçada pelo Concílio Vaticano ii , no respeito pela tradição e pelo progresso legítimo dos livros litúrgicos: «Portanto, esta edição representa a última etapa no percurso da Igreja, fiel ao caminho traçado pela reforma conciliar», afirmou.

Por sua vez, Dom Spengler elogiou o trabalho, realizado pela Comissão episcopal, de tradução dos textos litúrgicos (Cetel), aproveitando a ocasião para enaltecer em particular a obra do arcebispo emérito de Mariana, Dom Geraldo Lyrio Rocha, falecido a 26 de julho passado. Além disso, o presidente do episcopado brasileiro agradeceu às Edições Cnbb os esforços envidados para propor uma redação particularmente atenta da publicação. «A Igreja que reza inspira-se no passado, exprime-se no presente e olha para o futuro. Antes de ser um raciocínio, a liturgia tem uma existência; antes de agir, é crença e vida», disse o prelado.

Durante a apresentação, Dom Pinto Farias referiu-se aos colaboradores e peritos da tradução, fruto de um trabalho que definiu verdadeiramente sinodal: «Era muito importante rever a tradução do Missal para fazer sobressair a riqueza teológico-litúrgica na liturgia. Neste Missal descobriremos em que consiste a celebração eucarística, o maior sacramento da vida da Igreja». De acordo com o bispo de Bonfim, que é também membro da Cetel, a terceira edição típica do Missal Romano no Brasil respeita a tradição cristã da Igreja, uma vez que se ocupa de textos de oração que remontam ao primeiro século da era cristã e, portanto, abrangem uma teologia da Eucaristia e uma atitude de obediência à Igreja que exige uma formação litúrgica para superar as intervenções arbitrárias que podem ser feitas na liturgia. «Por isso, este Missal é o resultado das decisões do Concílio Vaticano ii , é a única lex orandi do Rito romano — disse Dom Pinto Farias — e devemos tocá-lo, meditá-lo e assimilá-lo para estar atentos não só às novidades e às mudanças, mas sobretudo para saborear a beleza da liturgia e restabelecer um autêntico afeto pelos ritos da Igreja católica».

Em seguida, foram apresentadas num vídeo as várias etapas da tradução, um procedimento que exigiu 19 anos de trabalho. O caminho teve início após a promulgação da nova edição típica, ocorrida em 2002 por parte de João Paulo ii . Desde então, foram anos de esforços intensos para traduzir, rever e aprovar o conteúdo do Missal, coordenados pela Cetel, reiterou o episcopado. A terceira edição típica do Missal Romano no Brasil foi aprovada pelos bispos na sua 59ª Assembleia geral e em seguida, em dezembro de 2022, transmitida ao Vaticano para ser submetida ao parecer do Dicastério para o culto divino e a disciplina dos sacramentos. A confirmação da Santa Sé foi divulgada no dia 17 de março de 2023. Agora prevê-se que a nova edição possa ser distribuída a todas as dioceses do Brasil até 3 de dezembro, primeiro domingo do Advento.

Charles de Pechpeyrou