Na recente oração noturna pela paz em Jerusalém, o cardeal Pizzaballa recordou que a marca distintiva do cristão é superar a lamentação do sofrimento cultivando a esperança. Mesmo quando a esperança é ofuscada pelas nuvens do mal, da incompreensão, da violência e da guerra. Não é apenas um exercício de caridade de homens de boa vontade, velado pela utopia que nos conforta e sustenta. A esperança é uma atitude que se exprime concretamente na dureza da realidade.
A esperança brota sempre da crise, que não deve ser afastada, mas aceite, como nos recorda o Papa Francisco. Assim acontece também na realidade da política. E o mesmo se vê na realidade do conflito israelo-palestiniano. À guerra de Yom Kippur seguiu-se a paz com o Egito. À primeira Intifada seguiram-se os acordos de Oslo.
Pois a guerra mostra a todos as próprias fragilidades. Até a quem a vence!
É assim também em relação ao horror de 7 de outubro. As “vitórias” então reivindicadas no terreno militar por uns e por outros não podem esconder a fraqueza que habita nos dois campos. Fraqueza que se exprime sobretudo no cansaço. Os dois povos estão cansados. Cansados de uma guerra que este ano celebra o seu 75º aniversário. Os israelitas estão cansados de viver num país que vê todos os dias as suas grandes potencialidades limitadas por uma instabilidade permanente. Os palestinianos estão cansados de viver uma insuportável situação de privação de liberdade de movimento, de assédios e de abusos. Um cansaço palpável em cada conversa nas ruas de Jerusalém. Talvez a hipótese dos dois Estados, como única resposta possível a tal cansaço, paradoxalmente nunca tenha estado tão próxima como hoje. Não é algo de amanhã, nem de depois de amanhã; pois não pode verificar-se como vitória de quem desencadeou esta guerra. Mas em ambas as sociedades (menos nos políticos que as representam) cresce uma impaciência em relação ao presente, que pode dar início a uma pacificação definitiva. «Devemos aprender a respeitar e honrar a dor dos outros, nós a deles e eles a nossa», disse Rachel Golberg Polin, mãe do jovem Hersh, refém em Gaza. Não é utopia, é esperança!
Roberto Cetera