Meninos de rua escrevem
O missionário Renato Chiera, no Brasil desde 1978, entregou nas mãos do Papa Francisco uma carta escrita por meninos de rua. É este o seu estilo missionário: dar “voz” e “esperança” a “tantos meninos de rua do Brasil”, que só precisam de amor para “se reerguer. E devemos levar a mensagem de amor de Deus à rua”. É precisamente ali, nas ruas mais pobres, “que encontramos Jesus que nos dá força e, com estas crianças, também nós nos reerguemos”.
O padre Chiera — sacerdote piemontês fidei donum — descreveu a sua longa experiência missionária no Brasil com os olhos a brilhar. A 12 de outubro de 1986, dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, fundou a Casa do Menor São Miguel Arcanjo, na periferia do Rio de Janeiro: um centro onde milhares de crianças de rua “foram acolhidas e recuperadas para a vida, um sinal claro de que com Deus ainda há esperança”.
Durante a audiência geral, o missionário agradeceu ao Pontífice a contínua proximidade ao mundo dos mais pobres, ilustrando-lhe em particular o programa do 10º encontro nacional dos desabrigados brasileiros, cujo tema é “Com Deus tem jeito”.
Acompanharam-no na praça de São Pedro Lúcia Cardoso, presidente da Casa do Menor, e um jovem casal, Edwin e Raquel Costa, missionários na comunidade Canção Nova, em Cachoeira Paulista.
“Assumir o grito dos que não são amados, o grito dos que não são considerados por ninguém, dos que ninguém vê, o grito dos que querem sair de um caminho escuro e sem luz, é viver a experiência de Deus”, afirmou o presbítero. “A nós unem-se mais de sessenta comunidades, movimentos e carismas da Igreja que trabalham com os desabrigados em mais de trinta cidades do Brasil, onde a situação social é cada vez mais dramática e as periferias cada vez mais esquecidas”.