Omassacre de civis que teve lugar em Gaza na noite de 17 de outubro, atingindo o hospital anglicano al-Ahli Arabi e causando centenas de vítimas civis, incluindo muitas mulheres e crianças, é um ato desumano. Um ato que não é de modo algum justificável. Nos últimos dias, o cardeal secretário de Estado Pietro Parolin, entrevistado pelos meios de comunicação social do Vaticano, definiu desumano o ataque terrorista contra Israel de 7 de outubro e o massacre de civis, mulheres e crianças. O purpurado reiterou também o direito dos israelitas a defender-se e a lutar contra a ameaça terrorista representada pelos milicianos do Hamas, recordando ao mesmo que «a legítima defesa deve respeitar o parâmetro da proporcionalidade» e pedindo para que se evite o derramamento de sangue de civis em Gaza.
Nas últimas horas, assistimos a uma troca de acusações: as autoridades de Gaza e o Hamas atribuem a um bombardeamento israelita a destruição do hospital situado numa área da qual Israel tinha pedido que fossem evacuados os civis. Enquanto o exército israelita negou a responsabilidade, atribuindo o massacre ao mau funcionamento de um míssil lançado pela Jihad Islâmica, que por sua vez o nega.
Num momento dramático para a história da humanidade, com os “pedaços” da terceira guerra mundial de que fala o Papa Francisco, que se unem a uma velocidade inesperada, é necessário derrotar o terrorismo sem alimentar ainda mais o ódio e sem nunca esquecer o direito humanitário internacional. Enquanto esperamos saber mais sobre o ato criminoso de destruição de um hospital, onde o pessoal médico desprovido de meios e já no limite das forças tratava doentes e feridos, devemos apelar à comunidade internacional, a fim de que intervenha para evitar uma catástrofe humanitária e o eclodir de um conflito com consequências inimagináveis.
O secretário de Estado britânico para os negócios estrangeiros, James Cleverly, declarou nas últimas horas que «o Reino Unido trabalhará com os aliados para descobrir o que aconteceu» no hospital de Gaza e para «proteger os civis inocentes», reiterando que «a tutela da vida dos civis deve ser prioritária». Esperemos que outras vozes se unam à sua para exigir a verdade sobre o que se verificou.
A desumanidade do massacre terrorista perpetrado nos “kibutzim” israelitas contra vítimas inocentes e a desumanidade da matança de civis inocentes em Gaza nunca devem fazer-nos perder de vista a perspetiva de um futuro de paz e justiça para toda aquela região do Médio Oriente. Na mencionada entrevista, o cardeal Parolin afirmou: «Parece-me que a maior justiça possível na Terra Santa é a solução de dois Estados, que permitiria a palestinianos e a israelitas viver lado a lado, em paz e segurança, indo ao encontro das aspirações da maioria deles», explicando que, apesar de tudo, a Santa Sé continua a apoiar esta aspiração e este direito. E fez um apelo à libertação imediata de todos os reféns detidos pelo Hamas e ao pleno respeito do direito humanitário.
Andrea Tornielli