Joinville, sul do Brasil. Uma comunidade de seis irmãs da família religiosa das Carmelitas Mensageiras do Espírito Santo ( cmes ) administra desde 2012, o Lar Renascer, instituído como associação sem fins lucrativos. Uma estrutura que existe há mais de trinta anos e cuja missão consiste em acolher e oferecer assistência física, social, psicológica e espiritual a mulheres grávidas em situações de vulnerabilidade social e também aos seus filhos durante todo o período de gravidez, até três meses após o nascimento da criança.
Em 2012, as irmãs Carmelitas iniciaram um importante trabalho no lar que, como o nome sugere, se tornou uma verdadeira oportunidade de renascimento para as mulheres hospedadas. Elas vêm não só do Brasil, mas também de outros países da América Latina: são jovens, algumas até adolescentes, vítimas de violência doméstica ou de prostituição, que não teriam nenhuma perspetiva de vida ou outra saída, a não ser o aborto.
Além de acolher as mulheres grávidas, as irmãs também dão apoio e afeto aos outros filhos dessas mulheres, oferecendo-lhes a oportunidade de frequentar a escola. Além disso, também ajudam as jovens a reconstruir a vida depois de saírem do centro de acolhimento e, assim, a encontrar um emprego digno e uma casa onde viver.
A irmã Marli é uma das religiosas que participa no projeto. Trata-se de uma iniciativa que representa uma verdadeira missão na área social e na defesa da vida, e é também um serviço de «Proteção social especial», afirma a Vatican News. Por esta razão, muitas das mulheres acolhidas «devem permanecer anónimas, pois em certos casos fogem de situações de violência e abuso. Noutros casos, especialmente quando se trata de menores, são os pais que decidem confiá-las ao centro, de modo a criar nelas também um certo sentido de responsabilidade».
O trabalho, ou melhor, a missão das irmãs consiste, sobretudo, em recebê-las com espírito evangélico, amor, alegria e esperança. «Queremos ajudá-las no processo de restabelecimento psicológico, espiritual e social», afirma a irmã Marli.
A irmã Ana Maria, assistente social que viveu no Lar até 2022, partilha o que para ela foi uma «bonita experiência»: «Em cada mãe e criança que acolhemos, podemos ver a misericórdia e o amor de Deus por cada um. Deus é maravilhoso: quer salvar, redimir, cuidar das feridas de todas, guiando-as por um caminho novo, digno de verdadeiras filhas de Deus. Este Lar é mais do que uma instituição, é o coração de Deus que acolhe aqueles que a sociedade não deseja».
Uma das caraterísticas deste Lar é a sua total dependência da «Providência». A instituição não tem receitas estatais ou regionais, mas vive dos donativos de homens e mulheres generosos que decidem ajudar. Graças aos voluntários — sempre encorajados pelas irmãs — as hóspedes aprendem a fazer vários trabalhos manuais, que depois são vendidos para angariar fundos. Servem não só para apoiar as instalações, mas também para ter fundos para o uso pessoal, quando saem da estrutura. Há muitos voluntários que ajudam a comunidade a sustentar-se (às vezes também financeiramente) e promovem eventos de beneficência para a manutenção do edifício e para o futuro das jovens.
Uma delas tem 33 anos. É mãe de cinco filhos e é responsável pelos seus três irmãos. «Estava grávida do meu quinto filho, tinha-me separado recentemente, não conseguia levar em frente a gravidez, pagar a renda e sustentar as minhas filhas e irmãos», escreve numa carta. «Uma amiga falou-me do Lar Renascer e levou-me para o conhecer e falar com as irmãs... Fui acolhida na estrutura, onde a minha vida se transformou. Deram-me tudo o que eu, os meus filhos e os meus irmãos precisávamos, assim como todo o material necessário para a criança, aliviando-me de todas as preocupações. Assim a minha gravidez foi mais serena, com todos os medicamentos necessários que não tinha recebido do serviço de saúde. Tive também a oportunidade de fazer exames médicos, controlar a situação e até fazer cursos para aprender uma profissão digna. Quando saí do Lar, também recebi toda a ajuda possível para começar uma nova vida. As irmãs ajudaram-me a encontrar uma casa para os meus filhos e os meus três irmãos, e também uma escola. Ajudaram-me oferecendo-me a mobília que eu não tinha, roupas, cestos alimentares, legumes, pão, material escolar... No Natal ou em qualquer outra celebração, as irmãs organizavam para as crianças uma pequena festa e preparavam algo especial. Para mim, diz, que não tinha condições de ter tudo isto, era muito importante!».
Emanuela Prisco
#sistersproject