É o primeiro Papa que vai «nos tempos modernos» a Marselha, cidade «hospitaleira», com uma identidade «diversificada», lugar de encontro entre comunidades, culturas e religiões. Assim na manhã de 19 de setembro o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, apresentou aos jornalistas acreditados o programa da viagem apostólica de Francisco a 22 e 23 de setembro, por ocasião dos “Rencontres Méditerranéennes”. Durante o habitual briefing antes da partida de Francisco, prevista do aeroporto de Roma-Fiumicino às 14h35 do dia 22, Matteo Bruni explicou que o Pontífice irá a Marselha para as etapas conclusivas do evento, intitulado «Mediterrâneo, mosaico de esperança». A iniciativa foi promovida pela arquidiocese da cidade, governada pelo cardeal Jean-Marc Aveline, e com uma atenção especial ao fenómeno migratório, dado que o Mare nostrum nos recorda continuamente que se trata de um desafio «não fácil», a ser enfrentado «juntos», observou o Papa no Angelus de domingo passado, antecipando um dos aspetos da sua 44ª viagem apostólica. Em seguida, o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé citou o tema do meio ambiente; o do encontro entre mundos diferentes mas próximos, quando «nunca como hoje foi tão evidente a distância entre as margens opostas do mesmo mar»; o dos migrantes e refugiados, obrigados a deixar casa e família em busca de um futuro, demasiadas vezes interrompido no «cemitério» do Mediterrâneo, mas também ao longo do horror das rotas terrestres, no deserto. Além disso, é «provável» — acrescentou — que o Papa, encontrando-se na França, «dirija um pensamento a esta nação», com «um eco para a Europa». Não menos importante, o tema da guerra, na Ucrânia e não só, pela «dor que causa ao Papa» e pelas suas consequências desastrosas.
Marselha será a segunda cidade francesa a receber o bispo de Roma para um evento internacional, depois de Estrasburgo em 2014, para a visita ao Parlamento europeu e ao Conselho da Europa.
Após a chegada, às 16h15 de sexta-feira 22, ao aeroporto internacional, a viagem entrará no ritmo. Durante as boas-vindas oficiais no aeroporto da maior cidade do sul da França, o Papa Bergoglio será saudado pela primeira-ministra, Élisabeth Borne.
O programa prevê a visita à basílica de Notre Dame de la Garde, às 17h15, para a oração mariana com o clero diocesano. Em seguida, após a saudação de boas-vindas do cardeal arcebispo de Marselha, o Pontífice pronunciará o primeiro dos quatro discursos previstos, todos em italiano.
Pelas 18 horas, no vizinho Memorial dedicado aos marinheiros e migrantes mortos no mar, o Papa recolher-se-á em oração com os líderes religiosos presentes em Marselha e depois proferirá o segundo discurso. No final, Francisco deslocar-se-á com dois migrantes e com os líderes religiosos ao monumento das vítimas no mar, onde depositará uma coroa de flores. Às 19 horas deslocar-se-á para o paço arquiepiscopal de Marselha, que será a sua residência.
O segundo dia da viagem, sábado 23, terá início às 8h45, quando o Pontífice se encontrará em privado com algumas pessoas em dificuldades económicas, provavelmente — explicou Bruni — na casa das irmãs de Madre Teresa.
Seguir-se-á a visita ao Palais du Pharo, para a sessão de encerramento dos “Rencontres Méditerranéennes”, às 10h00, na presença dos bispos da França e de outras dioceses do Mediterrâneo, jovens, autoridades políticas e associações, num total de 900 pessoas. O Pontífice será recebido pelo presidente da República francesa, Emmanuel Macron, com a esposa Brigitte. Francisco encontrar-se-á depois com o chefe de Estado, às 11h30. Entretanto, no centro de congressos, o Papa Bergoglio proferirá o terceiro discurso.
Os Encontros do Mediterrâneo são a continuação da reflexão iniciada em 2020 em Bari, pela Conferência episcopal italiana, na presença do Papa, e depois continuada em Florença em 2022, como processo de comunhão entre as dioceses que, em diferentes contextos, se debruçam sobre o Mediterrâneo. Aos bispos reunidos em Marselha unir-se-ão jovens de todas as religiões e confissões: das cinco margens do Mediterrâneo, do Norte de África, do Próximo Oriente, do Mar Egeu e do Mar Negro, dos Balcãs e da Europa latina.
A última parte da viagem de Francisco a Marselha terá lugar durante a tarde quando, às 16h15, o Papa celebrará a missa no estádio Vélodrome e pronunciará a homilia. Macron estará presente na celebração.
No final, a transferência para o aeroporto internacional de Marselha, onde terá lugar a cerimónia de despedida, pelas 18h45, com um breve encontro com o presidente da República. Matteo Bruni recordou que Francisco recebeu três vezes Macron no Vaticano e, respondendo a uma pergunta dos jornalistas, evocou imagens dessas audiências durante as quais, disse, transpareciam sempre explicitamente «cordialidade e familiaridade».
Concluindo, anunciou que às 19h15 terá lugar a partida do voo de regresso para Roma-Fiumicino, onde a sua chegada está prevista para as 20h50.