Jesus «envia-nos pelas sendas do mundo para anunciar que o caminho para gerar uma nova humanidade se baseia na fraternidade, fruto da caridade, e não na prevaricação e no egoísmo», disse o Papa Francisco aos membros da associação de promoção da família “Encontro matrimonial”, que recebeu em audiência a 9 de setembro, na Sala Paulo vi .
Caros irmãos e irmãs!
Dou-vos as boas-vindas e agradeço a vossa visita, que se realiza no momento em que viveis alguns dias de reflexão por ocasião do vosso 45º aniversário: felicidades!
Ao longo destes anos, inspirados pelo mandamento do amor de Jesus (cf. Jo 15, 12), empenhastes-vos na redescoberta do sacramento do Matrimónio e do sacramento da Ordem, procurando não só aprofundar a sua riqueza de modo distinto, mas também fazer sobressair a relação entre estas duas importantes vocações. De facto, o Matrimónio e a Ordem, embora de modos diferentes e segundo o carisma próprio de cada um, estão intimamente ligados, porque ambos manifestam o amor de Deus, edificando o Corpo místico da Igreja. De facto, estes dois sacramentos, por caminhos diferentes, mas complementares, falam da esponsalidade: por um lado, a doação total, única e indissolúvel dos esposos, por outro, a oferta da vida do sacerdote pela Igreja, são sinais do amor esponsal de Deus por nós.
Retomando o tema que escolhestes para esta ocasião, “Somos o sonho de Deus”, gostaria de vos dizer que o vosso “carisma esponsal” é uma profecia para a realização do sonho de Deus. E qual é o sonho de Deus? Convidando os discípulos a permanecerem ligados a Ele como os ramos à videira (cf. Jo 15, 4) e pedindo ao Pai que os conserve no amor, é o próprio Jesus que no-lo revela, implorando que sejamos todos «um só» (Jo 17, 21). O sonho de Deus para nós é este: unir-nos no seu amor, na sua comunhão, fazer-nos descobrir a beleza da filiação divina e da fraternidade entre nós. Por isso Jesus rezou intensamente. E envia-nos pelos sendas do mundo para anunciar que o caminho para gerar uma nova humanidade se baseia na fraternidade, fruto da caridade, e não na prevaricação e no egoísmo.
Neste sentido, o serviço que ofereceis à Igreja, mas também à sociedade, ou seja, o acompanhamento dos esposos e dos sacerdotes, é uma peça preciosa que contribui para a realização do sonho de Deus. Não o fazeis com muitas palavras ou teorias abstratas, mas sobretudo entrando amorosamente na realidade da vida concreta das pessoas. Assim, o vosso carisma recorda-nos que a fé é, antes de mais, uma experiência de relação e de encontro.
É uma história de amor com Deus, com os irmãos e as irmãs. Olhais de perto o diálogo, que nem sempre é fácil, entre os esposos e as situações, por vezes complexas, que os sacerdotes são chamados a enfrentar, favorecendo um intercâmbio fecundo, para aprenderem juntos a arte da relação, a arte da comunhão. Assim, levais avante o sonho de Deus, um sonho de comunhão conjugal, num tempo que, às vezes, prefere percorrer os caminhos pantanosos do individualismo, sem se aventurar em direção às esplêndidas alturas do amor.
Sois também um sinal para a vida da Igreja, que é chamada a percorrer o caminho de uma reciprocidade cada vez maior entre dons, carismas e ministérios. O intercâmbio entre esposos e pastores favorece a ação evangelizadora de que hoje temos necessidade urgente. De facto, é através das relações, sobretudo testemunhando a beleza das relações, que podemos anunciar a riqueza do Evangelho e mostrar o amor que Deus tem por qualquer criatura.
Encorajo-vos, pois, a continuar o vosso empenho com generosidade e paixão: a pôr em circulação as experiências dos esposos, dos sacerdotes e dos religiosos; a abrir as portas do vosso caminho aos jovens e aos noivos; a não ter medo de abrir novos caminhos que ajudem as comunidades cristãs a realizar cada vez melhor a convergência entre os esposos e os seus pastores. E, sobretudo, a deixar-vos guiar pelo Espírito Santo — deixar-vos guiar pelo Espírito Santo — que é o amor de Deus sem o qual as nossas atividades são estéreis e vãs. É o Espírito que abre os corações e as mentes — é o Espírito que o faz — que nos torna protagonistas, todos nós, do sonho de Deus!
Obrigado pelo vosso precioso serviço. Ide em frente, ide em frente não com tristeza, mas com alegria! Abençoo-vos e, por favor, não vos esqueçais de rezar por mim. Obrigado!