· Cidade do Vaticano ·

Palavras conclusivas dirigidas aos presentes

Sementes de paz num mundo funestado por conflitos

 Sementes de paz num mundo funestado por conflitos  POR-036
07 setembro 2023

No final da missa, após a saudação «ao nobre povo chinês», o Papa dirigiu aos presentes estas palavras.

Obrigado pelas tuas palavras, Eminência! Obrigado pelo presente que me deste! Disseste que, nestes dias, experimentaste pessoalmente quanto amo o Povo de Deus que está na Mongólia. É verdade! Parti para esta peregrinação animado de grande esperança, no desejo de vos encontrar e conhecer, e agora dou graças a Deus por vós porque Ele gosta de realizar grandes coisas na pequenez, como faz convosco. Obrigado, por serdes bons cristãos e honestos cidadãos! Continuai a sê-lo, com mansidão e sem medo, sentindo a proximidade e o encorajamento de toda a Igreja, e sobretudo o olhar terno do Senhor que não se esquece de ninguém e olha com amor para cada um dos seus filhos.

Saúdo os irmãos Bispos, os sacerdotes, os consagrados e as consagradas, e todos os amigos que vieram até aqui de diversos países, em particular de várias regiões deste imenso continente asiático, onde tenho a honra de me encontrar e que abraço com grande carinho. Exprimo particular reconhecimento a quantos ajudam a Igreja local, apoiando-a espiritual e materialmente.

Nestes dias, importantes delegações do Governo assistiram aos diversos eventos: agradeço ao Senhor Presidente e às Autoridades o seu acolhimento e cordialidade, bem como por todos os preparativos realizados. Toquei com as minhas mãos a cordialidade tradicional: obrigado!

Depois, saúdo de coração os irmãos e irmãs de outras Confissões cristãs e religiões: continuemos a crescer juntos na fraternidade, como sementes de paz num mundo tristemente funestado por demasiadas guerras e conflitos.

E o meu pensamento agradecido vai para todos aqueles que tanto tiveram de trabalhar, durante muito tempo, para tornar frutuosa, para tornar possível esta viagem, e a quantos a prepararam com a oração.

Eminência, lembrou-nos que a palavra “obrigado”, na língua mongol, deriva do verbo “regozijar-se”. O meu obrigado corresponde a esta bela intuição da língua local, pois é cheio de alegria. É um obrigado grande a vós, povo mongol, pelo dom da amizade que recebi nestes dias, pela vossa capacidade genuína de apreciar até os aspetos mais simples da vida, de preservar sabiamente as relações e as tradições, de cultivar com cuidado e solicitude a vida do dia a dia.

A missa é ação de graças, “Eucaristia”. Celebrá-la nesta terra fez-me lembrar a oração do padre jesuíta Pierre Teilhard de Chardin, elevada a Deus exatamente há 100 anos, no Deserto de Ordos, não muito distante daqui. Diz assim: “Prostro-me, meu Deus, diante da vossa Presença no Universo volvido ardente e, sob os traços de tudo o que eu encontrar, e de tudo o que me acontecer, e de tudo o que realizar no dia de hoje, desejo-vos e espero-vos”. O Padre Teilhard estava ocupado com pesquisas geológicas. Desejava ardentemente celebrar a Santa Missa, mas não trazia consigo nem pão nem vinho. Eis, então, que compôs a sua “Missa sobre o Mundo”, expressando assim a sua oferenda: “Recebei, Senhor, esta Hóstia total que a Criação, movida pelo vosso apelo, vos apresenta na nova aurora”. E uma oração semelhante tinha já surgido na sua mente, enquanto se encontrava no front, durante a Primeira Guerra Mundial, servindo como carregador de macas. Este sacerdote, muitas vezes incompreendido, tinha percebido que “a Eucaristia é sempre celebrada, em certo sentido — em certo sentido — sobre o altar do mundo” e é “o centro vital do Universo, o centro transbordante de amor e de vida inexaurível” (Enc. Laudato si’, n. 236), inclusive num tempo como o nosso, de tensões e de guerras. Rezemos hoje, portanto, com as palavras do Padre Teilhard: “Verbo cintilante, Força ardente, Vós que amassais o múltiplo para lhe insuflar a vossa Vida, baixai, rogo-vos, sobre nós as vossas Mãos poderosas, as vossas Mãos protetoras, as vossas Mãos omnipresentes”.

Irmãos e irmãs da Mongólia, obrigado pelo vosso testemunho, bayarlalaa [obrigado]! Que Deus vos abençoe. Estais no meu coração e, no meu coração, permanecereis. Por favor, lembrai-vos de mim nas vossas orações e nos vossos pensamentos. Obrigado!