· Cidade do Vaticano ·

A visita do Papa à Mongólia

Porque na Igreja os números não contam

Catholic devotee Perlimaa Gavaadandov, 71, prays during a church service at the Our Mother of Mercy ...
31 agosto 2023

OPapa Francisco está prestes a partir para a Mongólia, uma visita por ele «muito desejada», que já estava nos programas não realizados de São João Paulo ii , depois que a presença de missionários no início dos anos noventa fez renascer uma comunidade cristã. A que receberá o abraço do Sucessor de Pedro no coração da Ásia é uma Igreja «pequena em número, mas vibrante na fé e grande na caridade». Francisco encontrará não só os 1.500 católicos do país, mas também todo o povo «nobre» e «sábio» com a sua grande tradição budista.

Por que vai o Papa à Mongólia? Por que dedica cinco dias da sua agenda (dois de viagem e três de permanência) para visitar um grupo tão reduzido de católicos? Será que a “geopolítica” tem algo a ver com isso, dado que se trata de uma viagem a um país que faz fronteira com a Federação russa e a República Popular da China? Na realidade, a motivação da peregrinação às periferias da Ásia não tem implicações “geopolíticas” e não é certamente uma prerrogativa do pontificado de Jorge Mario Bergoglio.

Na segunda-feira, 30 de novembro de 1970, São Paulo vi fez uma longa viagem às ilhas Samoa, no Oceano Pacífico. Durante a celebração da missa na aldeia de Leulumoega Tuai, na costa noroeste da ilha de Upolu, o Papa Montini pôs de lado o “nós” majestático então usado pelos pontífices e disse: «Não foi o prazer de viajar, nem qualquer interesse que me trouxe até vós: venho porque somos todos irmãos, ou melhor, porque sois meus filhos e filhas, e é justo que, como pai de família, desta família que é a Igreja católica, eu mostre a cada um que tem direito a igual afeto. Sabeis o que significa “Igreja católica”? Significa que ela é feita para todo o universo, que é feita para todos, que não é estrangeira em lugar algum: cada homem, qualquer que seja a sua nação, raça, idade ou educação, encontra nela um lugar».

A Igreja, um lugar para todos. A Igreja onde a prioridade não são os números e onde ninguém é estrangeiro, seja qual for a língua, a cultura, o povo ou a nação a que pertença. É a Igreja «para todos», para todos, de que Francisco falou em Lisboa. Menos de um mês depois das jmj , o bispo de Roma volta a pôr-se a caminho, dizendo aos seus «irmãos e irmãs da Mongólia» que está «feliz por viajar para estar entre vós como irmão de todos».

Andrea Tornielli