· Cidade do Vaticano ·

O cardeal Pietro Parolin em Angola para a ordenação episcopal de D. Germano Penemote novo núncio apostólico no Paquistão

Embaixador do Papa sinal de reconciliação

 Embaixador do Papa sinal de reconciliação   POR-034
24 agosto 2023

«Para ser um pacificador credível, para oferecer a reconciliação que Deus concede, para ser um embaixador do bem, em primeiro lugar é preciso amar o Amor e amar o próximo como Cristo amou, até à cruz»: eis a exortação que o cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado, confiou a D. Germano Penemote — durante a ordenação episcopal — nomeado núncio apostólico no Paquistão pelo Papa Francisco a 16 de junho. O rito foi celebrado na Esplanada de Nossa Senhora das Graças, em Ondjiva (Kunene), Angola, na manhã de 12 de agosto.

«É o primeiro filho desta terra que é chamado a desempenhar a missão de núncio apostólico», disse o secretário de Estado, explicando que quis ordenar pessoalmente em Angola D. Penemote, arcebispo titular de Treia, precisamente para sublinhar «a importância deste momento e compartilhar a alegria».

Quando se é chamado, como bispo da Igreja, «a colaborar de modo totalmente especial com o Senhor para a salvação de todos», continuou o cardeal Parolin na homilia, o hino de alegria torna-se «ainda mais intenso e a gratidão ainda maior, tal como devem ser maiores o sentido de responsabilidade e o compromisso de quem é chamado a esta honra e serviço».

É precisamente o que acontece com o primeiro núncio angolano, prosseguiu o purpurado, realçando que agora D. Penemote «é chamado a ser embaixador do Santo Padre, embaixador da Santa Sé, embaixador de Cristo». É «uma honra e uma missão maravilhosa».

Depois, dirigindo-se ao novo bispo, recordou-lhe que é enviado para ser «sinal de reconciliação e de paz entre os povos e entre os Estados, sinal de unidade e de solidariedade entre as Igrejas». Esta é a missão, acrescentou, própria de cada representante pontifício.

Acima de tudo, os núncios são «sinal da profunda e definitiva reconciliação entre Deus e o homem, entre o Criador e a criação, entre a aspiração à verdade, à justiça e à felicidade inscrita no íntimo de cada pessoa e a atribulada história da humanidade, com as suas conquistas e tragédias, que só encontra a sua plena redenção e realização na revelação de Cristo Senhor», afirmou o cardeal Parolin.

Os núncios são embaixadores «de boas notícias para os seres humanos, levando-os a saber que não estão condenados a repetir, de novas formas, as habituais tragédias que derivam de guerras e de lutas fratricidas». Pelo contrário, aceitando «a palavra de reconciliação trazida por Cristo, são convidados a reconhecer-se irmãos e irmãs». E, consequentemente, «a trabalhar com todos os meios para construir e reforçar percursos de paz, de solidariedade e de civilização», que devem ser respeitados também «na abordagem e resolução dos contrastes que podem surgir devido aos limites da condição humana».

Esta missão de promover incansavelmente a reconciliação e a paz, «onde quer que haja divergências e conflitos», encontra a sua explicação «convincente e a sua origem principal em Deus, cuja única definição possível nos dá o Apóstolo João quando, na sua primeira carta, diz: “Deus é amor” (1 Jo 4, 8)». Neste sentido, ser «promotor da paz e da reconciliação significa, em última análise, anunciar Deus-Amor, ainda que seja apenas de forma implícita e discreta».

Dirigindo-se a D. Penemote, o cardeal recordou que, depois de uma longa preparação no seu serviço em várias nunciaturas apostólicas, agora estás prestes a iniciar a missão de núncio apostólico no Paquistão, «um país com notáveis potencialidades, mas que deve enfrentar desafios difíceis; um país de maioria muçulmana onde, além das disposições normativas em vigor, nem sempre é fácil assegurar o pleno respeito pelos direitos das minorias religiosas». O país conta com cerca de um milhão e meio de católicos, aos quais o novo núncio poderá «testemunhar a atenção do Papa e da Santa Sé» para que, «sentindo o forte vínculo com a Igreja universal, se fortaleçam na sua fé e procurem formas de diálogo com os fiéis do Islão e de outras religiões». Este diálogo «é deveras necessário, se quisermos evitar todo o risco de manipulação da religião e qualquer legitimação inaceitável da violência».

Depois, o cardeal referiu-se ao lema episcopal de D. Penemote: «Omnes fratres estis — sois todos irmãos». Sim, disse, «somos todos irmãos, porque somos todos filhos de um único Pai, e todos somos chamados a testemunhá-lo com um estilo de vida e uma mentalidade que não contradigam nem neguem esta verdade fundamental, a fim de estabelecer relações cordiais de cooperação mútua e derrotar a violência que ceifa tantas vidas inocentes».

Em seguida, o cardeal encorajou D. Penemote a deixar-se guiar na missão que o espera pelas palavras de São Paulo vi , na sua carta apostólica Sollicitudo omnium ecclesiarum, na qual se explica a tarefa do representante pontifício. Assim como lhe sirva de apoio, desejou, o que o Papa Francisco disse aos representantes pontifícios em 17 de setembro de 2016, manifestando «proximidade que se torna oração e bênção para os seus representantes enviados às Igrejas e aos Estados». São expressões da «consciência do Papa acerca da importância e da delicadeza da tarefa do núncio apostólico», da responsabilidade e das dificuldades que «certamente não faltarão, com a alegria íntima» de se reconhecer «humildes servidores da Santa Igreja para propagar o Evangelho e os ensinamentos do Papa no mundo inteiro e, deste modo, ser instrumentos nas mãos do Senhor para a salvação do género humano».

Concelebraram com o cardeal Parolin o núncio apostólico em Angola, D. Giovanni Gaspari; o bispo de Ondjiva, D. Pio Hipunyati; além de outros prelados da Conferência episcopal de Angola e São Tomé (Ceast).

O secretário de Estado chegou a Luanda a 11 de agosto, onde foi recebido por representantes da Igreja, do governo e fiéis reunidos diante da nunciatura apostólica. «Trago-vos também a bênção do Papa Francisco», disse à chegada, manifestando a sua felicidade pela sua primeira visita a Angola. A 13 de agosto, o cardeal rezou com a comunidade de São Paulo, na arquidiocese de Luanda.

Nicola Gori