Na manhã de sábado, 5 de agosto, o Papa Francisco chegou de helicóptero a Fátima, onde rezou o terço com os jovens doentes na capelinha das aparições. No final da oração, pronunciou em espanhol o seguinte discurso.
Queridas irmãs e irmãos, bom dia!
Obrigado, D. José Ornelas, pelas suas palavras e, a vós todos, obrigado pela presença e a oração. Rezámos o terço, uma oração muito bela e vital; vital, porque nos põe em contacto com a vida de Jesus e de Maria. E meditámos os mistérios da alegria, que nos lembram que a Igreja não pode ser senão a casa da alegria. A Capelinha onde nos encontramos constitui uma bela imagem da Igreja: acolhedora, sem portas. A Igreja não tem portas, para que todos possam entrar. E aqui podemos insistir também no facto que todos podem entrar, porque esta é a casa da Mãe, e uma mãe tem sempre o coração aberto para todos os seus filhos, todos, todos, todos, sem excluir nenhum.
Estamos aqui, sob o olhar materno de Maria, estamos aqui como Igreja, Igreja mãe. A peregrinação é precisamente uma caraterística mariana, porque a primeira a fazer uma peregrinação, depois da anunciação de Jesus, foi Maria. Logo que soube que sua prima se encontrava grávida — esta estava já em idade avançada —, Maria saiu correndo. Traduzindo um pouco livremente a expressão do Evangelho “dirigiu-se à pressa”, diríamos que “Ela saiu correndo”; saiu correndo levada pelo desejo de ajudar, de estar presente.
Temos muitos títulos de Maria, mas, se pensarmos bem, há mais este que também poderíamos dizer: a Virgem “que sai correndo”, sempre que há um problema; sempre que a invocamos, Ela não demora a vir; é solícita. Nossa Senhora solícita: gostais assim? Digamo-lo todos juntos: “Nossa Senhora solícita”. Apressa-se, para estar perto de nós, apressa-se porque é Mãe. Em português, diz-se “apressada” — disse-me D. Ornelas. Nossa Senhora “apressada”! E é assim que acompanha a vida de Jesus; e não se esconde depois da Ressurreição, acompanha os discípulos à espera do Espírito Santo; e acompanha a Igreja que começa a crescer depois do Pentecostes. Nossa Senhora que se mostra solícita e Nossa Senhora que acompanha. Acompanha sempre. Nunca é protagonista. O gesto com que Maria Mãe acolhe é duplo: primeiro acolhe e depois aponta para Jesus. Maria, na sua vida, não faz senão indicar Jesus: «Fazei o que Ele vos disser». Segui Jesus.
Pensemos que estes são os dois gestos de Maria: acolhe-nos a todos e indica Jesus. E fá-lo com solicitude, apressada. Nossa Senhora solícita, que nos acolhe a todos e nos indica Jesus. Lembremo-nos disto, sempre que aqui viermos. Aqui Maria tornou-se presente de um modo especial, para que a incredulidade de tantos corações se abrisse a Jesus. Com a sua presença, indica-nos Jesus, sempre nos aponta Jesus. E hoje está aqui entre nós; Ela está sempre entre nós, mas hoje sentimo-la muito mais próxima. Maria solícita.
Amigos, Jesus ama-nos até ao ponto de se identificar connosco e pede-nos para colaborar com Ele. E Maria indica-nos isto mesmo que Jesus nos pede: caminhar na vida colaborando com Ele. Gostaria que hoje olhássemos para a imagem de Maria, e cada um se interrogasse: que me diz Maria como Mãe? O que é que me está a indicar? Indica-nos Jesus; às vezes indica também alguma coisinha no coração que não regula bem, mas sempre indica. «Mãe, o que é que me estás a indicar?». Façamos um breve momento de silêncio e cada um diga em seu coração: «Mãe, o que é que me estás a indicar? O que há na minha vida que Te preocupa? O que há na minha vida que Te entristece? O que há na minha vida que Te chama a atenção? Indica-mo!». E Ela indica o coração, para que Jesus venha até ele. E assim como nos indica Jesus, a Jesus indica o coração de cada um de nós.
Queridos irmãos, sintamos hoje a presença de Maria Mãe; a Mãe que não cessa de dizer: «Fazei o que Jesus vos disser»; indica-nos Jesus. Mas também a Mãe que diz a Jesus: “Faz o que estes Te estão a pedir”. Esta assim é Maria. Esta é a nossa Mãe, Nossa Senhora solícita em estar perto de nós. Que Ela nos abençoe a todos! Amen.