· Cidade do Vaticano ·

Em primeiro lugar o amor

 Em primeiro lugar o amor  POR-032
10 agosto 2023

OSenhor acolhe todos, sempre, e acolhe-os como são. E deste modo a Igreja é chamada a agir: ir ao encontro de todos, abraçá-los e acompanhá-los. Aqui em Portugal o Papa Francisco repete este conceito inúmeras vezes, e até na sua visita ao santuário de Fátima voltou ao tema, obviamente inspirando-se em Maria. No final da recitação do terço, o Papa refletiu sobre Maria que vai depressa ao encontro da prima Isabel. Aliás, este foi o tema escolhido como “título” da Jmj de Lisboa. E frisou a pressa boa e saudável de Maria que, com urgência e solicitude, vai ao encontro dos necessitados e cuida deles, a ponto de propor um novo “título” para Maria: “Nossa Senhora apressada”. É o amor que pede esta pressa, «apressemo-nos a amar» (como reza a linda poesia de Jan Twardowski): foi a exortação que emergiu de Fátima, das palavras e dos momentos de silêncio do Papa que sente toda a urgência de Maria, fazendo-a sua e propondo-a vigorosamente. Portanto, Maria ícone da Igreja, Maria mãe apressada, disse o Papa em português, para realçar a sua ansiedade atenta; ícone de uma Igreja sem portas como o santuário de Fátima que, com a sua arquitetura, abraça os peregrinos que vêm do mundo inteiro. Abraçar todos, e um por um, chamando-os pelo nome. Eis o caminho que Maria nos indica, eis a senda de Cristo, porque Maria não indica a si mesma, mas o Filho. Sem protagonismo, com humildade. Com efeito, o gesto de Maria é duplo, disse o Papa: por um lado, põe-se em movimento apressado ao encontro do próximo, por outro, indica Jesus aos outros.

Um amor carinhoso, delicado, que chama um por um pelo nome, e ao mesmo tempo discreto. Que, como a oração, age no silêncio. O Papa resumiu o seu discurso em Fátima, intensificando o seu silêncio orante. Num mundo que parece prisioneiro de uma pressa louca pela busca da força e do poder, procurando subjugar o outro, bradando com mais violência, o Papa deteve-se em silêncio, indicando outra pressa, mais discreta e concreta, a do amor, do cuidado e da oração.

E o momento mais intenso da visita do Papa foi precisamente este, a sua oração silenciosa diante da pequena imagem de Maria em frente da capelinha das aparições. Uma capela pequena, sóbria e simples, sem portas.

Andrea Monda