A Igreja em saída é mais forte

«A Igreja é como a água, se a água não correr num rio, estagna, adoece, ao contrário, quando a Igreja sai, quando caminha, sente-se mais forte», afirmou o Papa Francisco numa mensagem vídeo divulgada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil ( cnbb ), relançada pela Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam), por ocasião da abertura, em 18 de julho, do xv Encontro intereclesial das Comunidades eclesiais de base ( ceb ), em Rondonópolis, no Centro de eventos Santa Terezinha.

Manifestando a sua proximidade aos participantes, o Pontífice convidou-os a continuar a trabalhar e a ir em frente; e a não esquecer o tema dos trabalhos: «Igreja em saída, em busca da vida plena para todos e todas», a fim de que a «Igreja esteja sempre em saída, não escondida». O breve vídeo termina com a bênção do Bispo de Roma e a invocação para que a Virgem ampare os membros das Cebs.

No seu discurso introdutório, D. Maurício Jardim, bispo de Rondonópolis-Guiratinga, recordou o seu predecessor no governo da diocese, D. Juventino Kestering (falecido de Covid-19 em 2021), que tinha oferecido a disponibilidade para hospedar o encontro na diocese. Por isso, foi exposta uma grande faixa com a imagem do saudoso prelado e uma das suas frases recorrentes: «Saúde aos doentes, alegria aos tristes e esperança aos desanimados».

No encontro, que se concluiu no sábado 22, participaram 1.500 representantes das Cebs de todo o Brasil, e também religiosos e religiosas, expoentes de organizações ligadas à Igreja católica e de outras confissões cristãs, movimentos sociais e populares. Sessenta e três bispos também estiveram presentes. Durante a cerimónia de abertura houve procissões, cânticos e uma evocação das comunidades indígenas, os quilombolas, descendentes dos africanos levados para o Brasil como escravos. Atualmente, eles vivem da agricultura familiar, reunidos em acampamentos temporários.

Foram lembrados também os pescadores, os trabalhadores das cidades, as artesãs, os migrantes e imigrantes, bem como todos os grupos sociais que compõem o povo brasileiro. Cada delegação, representando as diversas regiões do grande país latino-americano — Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Sudeste — foi valorizada pela ligação aos respetivos sistemas ambientais complexos, como a Amazônia, a Caatinga, o Cerrado, o Pantanal, os Pampas e a Mata Atlântica, e pela participação na promoção humana e na resistência aos abusos.

Recordaram-se ainda os encontros intereclesiais anteriores, desde o primeiro, realizado em Vitória, no Estado do Espírito Santo, em 1975, até ao atual.

Também a presidência da Repam-Brasil enviou uma mensagem, desejando «um novo impulso missionário a todos os grupos e comunidades da Amazónia, para que sejam cada vez mais expressão de uma Igreja em saída, vocacional, sinodal, ecológica, samaritana e com rosto amazónico, como exorta o Papa Francisco».