· Cidade do Vaticano ·

O cardeal Koch sobre o alcance ecuménico da iniciativa pontifícia

Um grande sinal de unidade

13 julho 2023

Não só católicos, mas cristãos de todas as confissões farão parte de pleno direito dos Novos Mártires — Testemunhas da Fé. Trata-se daqueles que serão reconhecidos e incluídos no “Catálogo” pela Comissão que o Papa Francisco constituiu no Dicastério para as Causas dos Santos, em vista do Jubileu de 2025. O Cardeal Kurt Koch, Prefeito do Dicastério para a promoção da unidade dos cristãos, falou sobre isto nesta entrevista a «L’Osservatore Romano», sublinhando o alcance ecuménico da iniciativa pontifícia.

Na carta constitutiva da “Comissão dos Novos Mártires — Testemunhas da fé”, o bispo de Roma afirma que a busca não se refere apenas à Igreja católica, mas alargar-se-á a todas as confissões cristãs. Uma confirmação do ecumenismo do sangue?

Certamente. O Papa está convencido de que, atualmente, temos mais mártires do que nos primeiros séculos e que os cristãos não são perseguidos por serem católicos, ortodoxos ou protestantes, mas simplesmente por serem cristãos. Neste sentido, considero que se trata de uma grande confirmação do ecumenismo dos mártires.

Qual a importância da dimensão do martirológio «que une, não divide»?

Os mártires que deram o sangue pela fé em Cristo são um grande sinal de unidade e não de divisão. Creio que os mártires no Céu já encontraram a unidade na fé e podem ajudar-nos a encontrar a unidade também na Terra. Neste sentido, o ecumenismo do sangue é um tema muito importante para a unidade dos cristãos hoje.

Além dos numerosos exemplos de bispos, sacerdotes, consagrados e leigos católicos assassinados por ódio à fé, conhece também algumas testemunhas da fé de outras confissões cristãs?

Penso, sobretudo, nos 21 mártires da Igreja copta ortodoxa, mortos na Líbia a 15 de fevereiro de 2015, que Francisco inseriu no Martirológio Romano em maio passado, durante a visita de Sua Santidade o Papa Tawadros ii ao Vaticano. Este é um bom sinal da unidade e da amizade entre a Igreja de Roma e a Igreja copta ortodoxa, tendo em consideração que estes mártires são todos leigos, não são sacerdotes nem religiosos.

A situação na Síria e os numerosos cristãos mortos unem as Igrejas mais do que as dividem?

É uma grande esperança que os cristãos assassinados em vários países possam ajudar a recuperar a unidade. Não podemos esconder o facto de que, nos tempos de hoje, também temos o oposto. Há cristãos que matam cristãos. Esta é uma situação trágica e triste. Espero que esta Carta ajude as pessoas a compreenderem o contrário: o bom sinal de que estes mártires unem e não dividem.

Nicola Gori