· Cidade do Vaticano ·

Mensagem do cardeal Czerny

Pelas necessidades espirituais e materiais dos marítimos

 Pelas necessidades espirituais e materiais dos marítimos  POR-028
13 julho 2023

Publicamos a seguir o texto da mensagem — assinada pelo cardeal Michael Czerny, prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral — para o Domingo do Mar 2023, que foi celebrado a 9 de julho.

Caros irmãos e irmãs em Cristo!

Desde a primeira hora, o Evangelho chegou a todos os cantos do mundo em grandes navios. Os Atos dos Apóstolos e outros escritos do Novo Testamento falam-nos de muitas maneiras da vida que os mensageiros da Boa Nova transcorriam com os trabalhadores do mar, por vezes durante meses, partilhando a vida quotidiana e abrindo mentes e corações à fé.

Todos os anos, o Domingo do Mar oferece às comunidades católicas de todo o mundo a oportunidade de não esquecerem as próprias origens e de rezarem por aqueles que hoje trabalham nos navios que transportam mercadorias por todo o mundo. Trata-se de mais de um milhão de seres humanos, graças aos quais a nossa vida quotidiana se torna possível e a economia se mantém. Deles, da sua fé, de como podem amar e esperar, quase nada sabemos.

Domingo é o dia da Eucaristia, a Páscoa semanal: há muitos que não têm acesso a ela porque estão forçosamente longe dos seus entes queridos e da sua comunidade. Para toda a Igreja, celebrar o Ressuscitado significa, ao mesmo tempo, não esquecer ninguém, fazer correr a salvação por toda a parte, interrogar-se sobre a forma como aqueles que estão ausentes e invisíveis podem sentir-se salvos e preciosos, portadores de uma dignidade que é a de cada filho de Deus.

Os apóstolos falavam de Jesus nos navios, reuniam comunidades em todas as cidades portuárias: estavam assim presentes num mundo que hoje é cada vez menos conhecido. A organização complexa das nossas sociedades e uma certa propensão para esconder as desigualdades deixam muitas vezes numa zona cinzenta os tesouros espirituais e as necessidades materiais das pessoas humildes. Por isso, o Domingo do Mar não é reservado só aos marítimos, mas centra a atenção de cada comunidade cristã naqueles através dos quais nos chega grande parte dos bens com que nos alimentamos ou de que nos servimos todos os dias.

Aos que hoje se encontram no mar, então, uma mensagem coral: a Igreja está próxima de vós. Preocupamo-nos pelo que vos alegra e pelo que vos oprime. Não temos apenas algo para vos oferecer, mas também queremos ouvir as vossas histórias, os vossos testemunhos: as vossas opiniões sobre o trabalho, sobre a economia, sobre as relações entre as diferentes religiões e culturas, sobre as condições do mar e da terra, sobre a fé, que só a partir da vossa experiência pode alcançar e interpelar todos os membros da Igreja e, através deles, as nossas sociedades.

Somos uma Igreja sinodal, ou seja, caminhamos juntos. Devemos avançar juntos, navegar juntos, sem deixar ninguém para trás, e enriquecer-nos reciprocamente. Que ninguém pense que nada tem para oferecer. Por isso, se há um esforço que queremos fazer este ano, é precisamente verificar as formas como podemos estar mais próximos, numa troca contínua que torne o vosso trabalho menos distante do caminho e da fé de todos.

Que Maria, Stella Maris, interceda por nós e seja fonte de consolação e perseverança.