· Cidade do Vaticano ·

No Angelus o Papa lembrou também o “Domingo do mar” e o povo ucraniano que sofre com a guerra

Caminhos de reconciliação e de paz para a Terra Santa

 Caminhos de reconciliação  e de paz para a Terra Santa  POR-028
13 julho 2023

«Acabar com a espiral de violência» na Terra Santa «e abrir caminhos de reconciliação e de paz»: o apelo do Papa ressoou na praça de São Pedro no final do Angelus de 9 de julho. Falando ao meio-dia da janela do Palácio apostólico do Vaticano, antes da recitação da prece mariana com os quinze mil fiéis presentes e com aqueles que o seguiam através dos meios de comunicação, o Pontífice comentou — como de costume — o Evangelho dominical centrado no louvor de Jesus ao Pai porque não se manifestou «aos sábios e aos entendidos» mas «aos pequeninos».

Estimados irmãos e irmãs bom dia!

O Evangelho de hoje relata uma belíssima oração de Jesus, que se dirige ao Pai dizendo: «Dou-te graças, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos entendidos e as revelaste aos pequeninos» (Mt 11, 25). Mas do que está a falar Jesus? E quem são esses pequeninos, a quem essas coisas são reveladas? Reflitamos sobre isto: as coisas pelas quais Jesus louva o Pai e acerca dos pequeninos que as sabem receber.

As coisas pelas quais Jesus louva o Pai. Pouco antes, o Senhor recordou algumas das suas obras: «Os cegos recuperam a vista [...] os leprosos são purificados, [...] aos pobres é anunciado o Evangelho» (Mt 11, 5), e revelou o seu significado, dizendo que são sinais da ação de Deus no mundo. Portanto, a mensagem é clara: Deus revela-se libertando e curando o homem — não o esqueçamos: Deus revela-se libertando e curando o homem — e fá-lo com um amor gratuito, um amor que salva. É por isso que Jesus louva o Pai, porque a sua grandeza consiste no amor e nunca age fora do amor. Mas esta grandeza no amor não é compreendida por aqueles que se presumem grandes e fazem de si um deus à sua imagem: poderoso, inflexível, vingativo. Por outras palavras, estes presunçosos não conseguem aceitar Deus como Pai; quem é cheio de si, orgulhoso, preocupado apenas com os próprios interesses — estes são os presunçosos — convictos de que não precisam de ninguém. A este propósito, Jesus cita os habitantes de três cidades ricas da época, Corazim, Betsaida e Cafarnaum, onde fez muitas curas, mas cujos habitantes permaneceram indiferentes à sua pregação. Para eles, os milagres não passavam de acontecimentos espetaculares, úteis para fazer notícia e alimentar os mexericos: esgotado o seu interesse passageiro, arquivavam-nos, talvez para se ocuparem de outras notícias do momento. Não souberam acolher as grandes coisas de Deus.

Os pequeninos, pelo contrário, sabem acolhê-las e Jesus louva o Pai por eles: “bendigo-te” — diz — porque revelaste o Reino dos Céus aos pequeninos. Louva-o pelos simples, que têm o coração livre da presunção e do amor-próprio. Os pequeninos são aqueles que, como as crianças, se sentem necessitados e não autossuficientes, estão abertos a Deus e ficam maravilhados com as suas obras. Sabem ler os seus sinais, maravilham-se com os milagres do seu amor! Pergunto a cada um de vós, a mim também: sabemos maravilhar-nos com as coisas de Deus, ou tomamo-las como coisas passageiras?

Irmãos e irmãs, a nossa vida, se pensarmos bem, está cheia de milagres: está cheia de gestos de amor, de sinais da bondade de Deus. Perante eles, contudo, também o nosso coração pode ficar indiferente e tornar-se habitudinário, curioso mas incapaz de se deixar “impressionar”. Um coração fechado, um coração blindado, não tem capacidade para se admirar. Impressionar é um bonito verbo que faz lembrar a película de um fotógrafo. Esta é a atitude correta perante as obras de Deus: fotografar as suas obras na mente, para que fiquem impressas no coração, e depois revelá-las na vida, através de muitos gestos de bem, para que a “fotografia” de Deus-amor se torne cada vez mais luminosa em nós e através de nós.

E agora perguntemo-nos, cada um de nós: na abundância de notícias que nos inundam, eu, como Jesus nos mostra hoje, sei deter-me nas grandes coisas de Deus, naquelas que Deus realiza? Deixo-me maravilhar como uma criança pelo bem que muda silenciosamente o mundo, ou perdi a capacidade de me admirar? E bendigo todos os dias o Pai pelas suas obras? Maria, que exultou no Senhor, nos permita maravilhar-nos com o seu amor e louvá-lo com simplicidade.

Depois do Angelus, Francisco apelou à reconciliação entre israelitas e palestinianos e recordou o “Domingo do Mar”, falando dos trabalhadores do sector, da poluição das águas, do Apostolado Stella Maris e daqueles que trabalham no salvamento de migrantes. Depois, saudando os jovens peregrinos da Ucrânia, pediu orações pelo país devastado pela guerra.

Prezados irmãos e irmãs!

Com tristeza tomei conhecimento de que mais uma vez foi derramado sangue na Terra Santa. Faço votos de que as Autoridades israelenses e palestinianas possam retomar um diálogo direto, a fim de pôr termo à espiral de violência e abrir caminhos de reconciliação e de paz.

Hoje celebramos o “Domingo do Mar”, dedicado a todos os que trabalham nos navios, nos portos e no ambiente marítimo. Agradeço aos marinheiros que protegem o mar das várias formas de poluição — além do seu trabalho — e que retiram do mar o lixo que deitamos fora, o plástico... Os pescadores de San Benedetto del Tronto contaram-me um dia as toneladas de plástico que retiraram do mar, como vimos há pouco no programa “A Sua Immagine”. Agradeço aos capelães e aos voluntários do Apostolado do Mar e confio todos à proteção de Maria Stella Maris. Gostaria também de recordar com gratidão quantos trabalham com a Mediterranea Saving Humans no salvamento de migrantes no mar, muito obrigado, irmãos e irmãs!

E agora saúdo-vos, romanos e peregrinos, que, apesar do calor de julho, estais aqui na praça! Uma salva de palmas para todos vós! Estou feliz por saudar em particular as escuteiras e os estudantes universitários de Lviv, na Ucrânia: dou-vos a minha bênção, incluindo nela os vossos entes queridos e o vosso povo, tão provado. Rezemos por este povo que sofre tanto. Saúdo os polacos e recordo a grande peregrinação que hoje se realiza ao Santuário de Jasna Góra, em Częstochowa.

Saúdo os jovens do movimento Regnum Christi, os escuteiros de Modica, o coro paroquial de Santo Stefano Quisquina — Agrigento, os jovens da Diocese de Pistoia e os fiéis de Sacile.

Desejo bom domingo a todos. Por favor, não vos esqueçais de rezar por mim. Bom almoço e até à vista!