· Cidade do Vaticano ·

Angelus de 29 de junho

«O povo ucraniano está todos os dias no meu coração»

 «O povo ucraniano está todos os dias no meu coração»  POR-027
06 julho 2023

Um novo apelo a «rezar pela paz, especialmente pelo povo ucraniano, que está todos os dias no meu coração», foi lançado pelo Papa no final do Angelus de 29 de junho, solenidade dos Santos Pedro e Paulo. Antes da prece mariana, recitada com os fiéis presentes na praça de São Pedro e com quantos o acompanhavam através dos meios de comunicação, o Pontífice comentou o trecho litúrgico do Evangelho de Mateus (16, 13-19), refletindo sobre a expressão de Jesus: «Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja».

Estimados irmãos e irmãs, bom dia!

Hoje, Solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, no Evangelho Jesus diz a Simão, um dos Doze: «Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja» (Mt 16, 18). Pedro é um nome que tem vários significados: pode designar rocha, pedra ou simplesmente seixo. E, com efeito, se olharmos para a vida de Pedro, encontraremos um pouco destes três aspetos do seu nome.

Pedro é uma rocha: em muitos momentos é forte e firme, genuíno e generoso. Deixa tudo para seguir Jesus (cf. Lc 5, 11), reconhece-o como Cristo, Filho de Deus vivo (cf. Mt 16, 16), mergulha no mar para ir depressa ao encontro do Ressuscitado (cf. Jo 21, 7). Além disso, com franqueza e coragem, anuncia Jesus no Templo, antes e depois de ser preso e flagelado (cf. At 3, 12-26; 5, 25-42). A tradição fala-nos também da sua firmeza diante do martírio, que teve lugar precisamente aqui (cf. Clemente Romano , Carta aos Coríntios, v , 4).

No entanto, Pedro é também uma pedra: é uma rocha e inclusive uma pedra, adequada para oferecer apoio aos outros: uma pedra que, fundamentada em Cristo, serve de sustentáculo para os seus irmãos na edificação da Igreja (cf. 1 Pd 2, 4-8; Ef 2, 19-22). Encontramos também isto na sua vida: responde ao chamamento de Jesus juntamente com André, seu irmão, Tiago e João (cf. Mt 4, 18-22); confirma a vontade dos Apóstolos a seguir o Senhor (cf. Jo 6, 68); cuida de quem sofre (cf. At 3, 6); promove e encoraja o anúncio comum do Evangelho (cf. At 15, 7-11). É “pedra”, é ponto de referência fiável para toda a comunidade.

Pedro é rocha, é pedra e também seixo: a sua pequenez sobressai com frequência. Às vezes não compreende o que Jesus faz (cf. Mc 8, 32-33; Jo 13, 6-9); perante a sua captura, deixa-se dominar pelo medo e nega-o, depois arrepende-se e chora amargamente (cf. Lc 22, 54-62), mas não tem a coragem de estar aos pés da cruz. Esconde-se com os outros no cenáculo, com medo de ser aprisionado (cf. Jo 20, 19). Em Antioquia, tem vergonha de estar com os pagãos convertidos, e Paulo exorta-o à coerência neste ponto (cf. Gl 2, 11-14); por fim, segundo a tradição do Quo vadis, procura fugir diante do martírio, mas ao longo do caminho encontra Jesus e sente a coragem de voltar atrás.

Em Pedro há tudo isto: a força da rocha, a fiabilidade da pedra e a pequenez de um simples seixo. Não é um super-homem: é um homem como nós, como cada um de nós, que na sua imperfeição diz “sim” a Jesus com generosidade. Mas precisamente assim, nele — como em Paulo e em todos os santos — revela-se que é Deus quem nos torna fortes mediante a sua graça, quem nos une através da sua caridade, quem nos perdoa com a sua misericórdia. E é com esta verdadeira humanidade que o Espírito forma a Igreja. Pedro e Paulo eram pessoas autênticas, e nós, hoje como nunca, precisamos de pessoas autênticas.

Agora, olhemos para o nosso íntimo e façamos algumas perguntas a partir da rocha, da pedra e do seixo. A partir da rocha: há em nós fervor, zelo, paixão pelo Senhor e pelo Evangelho, ou é algo que se desintegra com facilidade? E depois, somos pedras, não de tropeço, mas de construção para a Igreja? Trabalhamos pela unidade, interessamo-nos pelos outros, especialmente pelos mais frágeis? Por fim, pensando no seixo: estamos conscientes da nossa pequenez? E sobretudo: nas debilidades, confiamo-nos ao Senhor, que realiza grandes coisas com quem é humilde e sincero?

Que Maria, Rainha dos Apóstolos, nos ajude a imitar a força, a generosidade e a humildade dos Santos Pedro e Paulo.

No final do Angelus, transmitindo «uma especial felicitação aos romanos» na festa dos santos padroeiros, Francisco renovou o seu apelo à paz na Ucrânia. Em seguida, saudou a delegação do Patriarcado ecuménico de Constantinopla, que assistiu à missa na basílica de São Pedro, e os fiéis que vieram celebrar os arcebispos metropolitanos para os quais abençoou os Pálios.

Caros irmãos e irmãs!

Dirijo uma calorosa saudação e uma felicitação especial aos romanos, na festa dos santos padroeiros Pedro e Paulo! Agradeço à Associação de voluntariado de Roma, que para esta ocasião realizou os históricos tapetes de flores, criados pelos Mestres floristas de várias Associações de voluntariado da Itália e que já chegaram à décima edição: vejo-os daqui... Foram feitos lindos tapetes floreais inspirados na paz e isto diz-nos que não nos devemos cansar de rezar pela paz, especialmente pelo povo ucraniano, que todos os dias está no meu coração!

Renovo a minha saudação à Delegação do Patriarcado Ecuménico de Constantinopla, que participou na celebração de hoje, e envio um abraço ao meu amado irmão, Sua Santidade Bartolomeu.

Saúdo todos vós, a começar pelos fiéis que vieram para celebrar os Arcebispos Metropolitanos, para os quais esta manhã abençoei os Pálios; e depois os grupos provenientes do Brasil, da Croácia, do México, da Nicarágua, da Polónia, dos Estados Unidos da América e de várias localidades italianas.

Desejo boa festa a todos e, por favor, não vos esqueçais de rezar por mim. Bom almoço e até à vista!