· Cidade do Vaticano ·

Concluída a visita do cardeal Zuppi a Moscovo como enviado do Papa

epa10718079 A handout photo made available by Russian Orthodox Church press service shows Russian ...
06 julho 2023

De 28 a 30 de junho, o cardeal Matteo Zuppi, enviado do Santo Padre, visitou Moscovo «com o objetivo de identificar iniciativas humanitárias que possam abrir caminhos para a conquista da paz». Anunciou num comunicado da Santa Sé.

Durante os três dias, o purpurado encontrou-se com Yuri Ushakov, assistente do presidente da Federação Russa para os Assuntos de política estrangeira, e com Maria L’vova-Belova, comissária do presidente da Federação Russa para os direitos da criança, com quem falou em particular sobre os mais de 19.000 menores ucranianos deportados para a Rússia. Durante as conversações, «o aspeto humanitário da iniciativa foi fortemente sublinhado, bem como a necessidade de se obter a paz tão desejada».

Numa breve visita à Igreja de São Nicolau em Tolmachi, na Galeria Tretyakov, o cardeal Zuppi deteve-se em oração diante do ícone de Nossa Senhora de Vladimir, a quem confiou a sua missão.

Em seguida, teve «um encontro frutuoso com Sua Santidade Kirill, Patriarca de Moscovo e de toda a Rússia, ao qual transmitiu as saudações do Santo Padre e com o qual debateu também sobre iniciativas humanitárias que poderiam facilitar uma solução pacífica». O encontro teve lugar na sede do Patriarcado de Moscovo, na presença, entre outros, do Metropolita Antonij de Volokolamsk, presidente do Departamento para as relações eclesiásticas externas do Patriarcado de Moscovo, e do Núncio Apostólico D’Aniello. «Apreciamos o facto de Sua Santidade o ter enviado a Moscovo. O senhor é o chefe de uma das maiores metrópoles e dioceses da Itália e é um arcebispo famoso que está a prestar um serviço importante ao seu povo», disse Kirill, citado pelas agências estatais russas.

O enviado do Papa encontrou-se também com os prelados da Conferência dos bispos católicos da Rússia, com os quais, juntamente com um numeroso grupo de sacerdotes e na presença de embaixadores e representantes do ministério dos Negócios estrangeiros, presidiu a uma solene concelebração na catedral da arquidiocese da Mãe de Deus, em Moscovo. «Esta foi uma oportunidade para transmitir à comunidade católica a proximidade, a recordação e a oração do Santo Padre», prosseguiu a nota.

Na sua homilia, o purpurado sublinhou que «como uma mãe, a Igreja nunca pode aceitar a divisão entre os seus filhos. Ela é mãe e procura sempre a paz com paciência e firmeza para recompor o que o mal dividiu. Como uma Mãe, a Igreja invoca incessantemente o dom da paz, procurando-a incansavelmente, porque a dor de cada um é a sua dor». Ela «não é ingénua — acrescentou o cardeal — recorda e não confunde as responsabilidades, faz da adversidade uma oportunidade de amor, semeia o bem para combater o mal e restabelecer a justiça, mantém acesa a esperança na escuridão das trevas, tece a teia da paz e da fraternidade dilacerada pela violência, pelo ódio e pela desconfiança. Ela é mãe». E isto «é a única razão da missão que estamos a viver nestes dias, desejada pelo sucessor de Pedro, que não se resigna e procura fazer tudo para que a expetativa de paz que se eleva da terra encontre em breve a sua realização», concluiu o cardeal Zuppi, dirigindo um pensamento também «às crianças, aos pequeninos, aos vulneráveis, às vítimas inocentes de uma violência injusta, muito maior do que eles, inaceitável ainda mais porque envolve quem não se pode defender». «A sua dor, muitas vezes escondida nas feridas profundas do coração — reiterou o cardeal Zuppi — exige o empenho de todos para que encontrem consolação e proteção. Não se trata de um sonho ingénuo, mas de um compromisso e de um dever humano e cristão, indispensável para que haja o futuro».

Os resultados da visita, concluiu o comunicado, serão levados ao conhecimento do Santo Padre, «em vista de novos passos a dar, tanto a nível humanitário como na procura de caminhos para a paz».