· Cidade do Vaticano ·

No primeiro Angelus depois da cirurgia, o Papa agradeceu a proximidade que lhe foi demonstrada durante a sua hospitalização e recordou o naufrágio na Grécia

Seja feito o possível
para evitar as tragédias
dos migrantes

 Seja feito  o possível para evitar  as tragédias dos migrantes  POR-025
22 junho 2023

Oração pelos mortos no ataque à escola do Uganda e pela paz na Ucrânia


Grato «a quantos, nos dias em que esteve internado no Hospital Gemelli», lhe manifestaram afeto, carinho e amizade», a 18 de junho o Papa Francisco voltou a recitar a oração do Angelus dominical, recordando as vítimas do naufrágio de migrantes ao largo da costa grega, as do ataque a uma escola no Uganda e a martirizada Ucrânia. Depois de ter sido obrigado a renunciar à oração mariana na semana passada, devido a uma intervenção cirúrgica a que foi submetido, o bispo de Roma, da janela do Palácio apostólico do Vaticano, ao meio-dia, comentou o Evangelho do 11º domingo do tempo comum para os quinze mil fiéis presentes na praça de São Pedro e para os que o seguiam através dos meios de comunicação social. Eis a sua meditação.

Prezados irmãos e irmãs
bom dia!

Desejo exprimir a minha gratidão a todos aqueles que, durante os dias do meu internamento na Policlínica Gemelli, me manifestaram afeto, carinho e amizade, assegurando-me o apoio da oração. Esta proximidade humana e espiritual foi de grande ajuda e conforto para mim. Obrigado a todos, obrigado a vós, obrigado de coração!

Hoje, no Evangelho, Jesus chama pelo nome — chama pelo nome — e envia os doze Apóstolos. Enviando-os, pede-lhes que proclamem algo: «Anunciai que o Reino dos Céus está próximo» (Mt 10, 7). É o mesmo anúncio com que Jesus deu início à sua pregação: o Reino de Deus, isto é, o seu senhorio de amor, aproximou-se, vem entre nós. E não se trata apenas de uma notícia entre outras, mas da realidade fundamental da vida: a proximidade de Deus, a proximidade de Jesus!

Com efeito, se o Deus dos Céus está próximo, não estamos sozinhos na terra e não perdemos a confiança nem sequer no meio das dificuldades. Eis a primeira coisa a dizer às pessoas: Deus não está distante, é Pai. Deus não está distante, é Pai, conhece-te e ama-te; quer dar-te a mão, até quando percorres caminhos íngremes e acidentados, até quando cais e tens dificuldade em levantar-te e retomar o caminho; Ele, o Senhor, está aí, contigo. Aliás, muitas vezes, nos momentos em que te sentes mais frágil, podes sentir a sua presença mais forte. Ele conhece o caminho, Ele está contigo, Ele é o teu Pai! Ele é o meu Pai! Ele é o nosso Pai!

Detenhamo-nos nesta imagem, porque anunciar Deus próximo significa convidar a pensar como uma criança que caminha segurando a mão do pai: tudo lhe parece diferente. O mundo, grande e misterioso, torna-se familiar e seguro, pois a criança sabe que está protegida. Não tem medo e aprende a abrir-se: encontra outras pessoas, encontra novos amigos, aprende com alegria coisas que não conhecia, e depois volta para casa e conta a todos o que viu, enquanto aumenta nela o desejo de crescer e fazer as coisas que viu o pai fazer. É por isso que Jesus começa por aqui, é por isso que a proximidade de Deus é o primeiro anúncio: permanecendo próximos de Deus, vencemos o medo, abrimo-nos ao amor, crescemos no bem e sentimos a necessidade e a alegria de anunciar!

Se quisermos ser bons apóstolos, devemos ser como as crianças: sentar-nos “no colo de Deus” e, dali olhar para o mundo com confiança e amor, para testemunhar que Deus é Pai, que só Ele transforma o nosso coração e nos dá aquela alegria e aquela paz que nós próprios não nos podemos dar.

Anunciar que Deus está próximo. Mas como o fazer? No Evangelho, Jesus recomenda que não se digam muitas palavras, mas que se façam muitos gestos de amor e de esperança em nome do Senhor; não dizer muitas palavras, mas fazer gestos: «Curai os doentes, diz, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demónios. Recebestes de graça, de graça dai» (Mt 10, 8). Eis o cerne do anúncio: o testemunho gratuito, o serviço. Digo-vos algo: fico sempre muito perplexo com os “paroleiros”, com o seu muito falar e nada fazer.

Façamos aqui algumas perguntas: nós, que cremos no Deus próximo, confiamos n’Ele? Sabemos olhar para a frente com confiança, como uma criança que sabe que está no colo do pai? Sabemos sentar-nos no colo do Pai na oração, na escuta da Palavra, aproximando-nos dos Sacramentos? E por fim, abraçados a Ele, sabemos incutir coragem nos outros, fazer-nos próximos de quem sofre e está só, de quem está distante e até de quem nos é hostil? Eis a realidade da fé, é isto que conta!

E agora rezemos a Maria, para que nos ajude a sentir-nos amados e a transmitir proximidade e confiança.

Depois do Angelus, recordando que terça-feira, 20 de junho, é o Dia mundial do refugiado, o Pontífice lançou um apelo para evitar as tragédias dos migrantes no mar, depois assegurou orações pelos mortos na escola do Uganda e pela paz na Ucrânia, saudando os vários grupos de peregrinos.

Caros irmãos e irmãs!

Na próxima terça-feira, 20 de junho, celebra-se o Dia Mundial do Refugiado, promovido pelas Nações Unidas: com grande tristeza e muita dor, penso nas vítimas do gravíssimo naufrágio ocorrido há alguns dias ao largo da costa da Grécia. E parece que o mar estava calmo! Renovo a minha oração por quantos perderam a vida e imploro que se faça sempre tudo o que for possível para evitar tragédias semelhantes.

E rezo também pelos jovens estudantes, vítimas do brutal ataque perpetrado contra uma escola no oeste do Uganda. Esta luta, esta guerra em toda a parte... oremos pela paz!

Saúdo todos vós, romanos e peregrinos provenientes da Itália e de muitos outros países, especialmente os fiéis da Florida e de Munique. Saúdo as Escolas “São João Paulo ii ” de Opole (Polónia) e “São Filipe Néri” de Londres.

Saúdo também os grupos de Zogno, Guardiagrele e Poggiomarino, bem como a Escola “Rosario Scardigno” de Molfetta. Saúdo ainda as irmãs de Maria Menina, que acompanham o Angelus.

Perseveremos em oração pela população da martirizada Ucrânia — não a esqueçamos! — que sofre muito.

Desejo bom domingo a todos e, por favor, não vos esqueçais de rezar por mim. Bom almoço e até à vista!