Os prémios Nobel que participaram no Meeting assinaram na praça de São Pedro a Declaração sobre a fraternidade humana. O documento, redigido pelos mesmos durante os trabalhos durante a manhã no Palazzo della Cancelleria, a 11 de junho, foi assinado em nome da Santa Sé pelo cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado.
«Somos diversos, somos diferentes, temos culturas e religiões diferentes, mas somos irmãos e queremos viver em paz» (Papa Francisco).
Cada homem é meu irmão, cada mulher é minha irmã, sempre. Queremos viver juntos, como irmãos e irmãs, no Jardim que é a Terra. O Jardim da fraternidade é a condição de vida para todos.
Testemunhamos como, em todos os cantos do mundo, a harmonia perdida floresce de novo quando a dignidade é respeitada, as lágrimas são enxugadas, o trabalho é remunerado de forma justa, a educação é garantida, a saúde é cuidada, a diversidade é valorizada, a natureza é restaurada, a justiça é honrada e as comunidades abraçam solidão e medo.
Juntos escolhemos viver as nossas relações baseadas na fraternidade, que é alimentada pelo diálogo e pelo perdão, que «não implica esquecer» (Ft, n. 250), mas renunciar a «ser dominados pela mesma força destruidora» (Ft, n. 251) cujas consequências todos sofremos.
Unidos ao Papa Francisco, queremos reafirmar que «a verdadeira reconciliação não se afasta do conflito, mas realiza-se no conflito, superando-o através do diálogo e da negociação transparente, sincera e paciente» (Ft, n. 244). Isto no contexto da arquitetura dos direitos humanos.
Queremos bradar ao mundo em nome da fraternidade: Não à guerra! É a paz, a justiça, a igualdade que orientam o destino de toda a humanidade. Não ao medo, à violência sexual e doméstica! Cessem os conflitos armados. Não às armas nucleares e às minas antipessoais. Nunca mais migrações forçadas, limpeza étnica, ditaduras, corrupção e escravidão. Impeçamos o uso manipulador da tecnologia e da inteligência artificial, e anteponhamos e fecundemos de fraternidade o desenvolvimento tecnológico.
Incentivemos os países a promover esforços conjuntos para criar sociedades pacíficas, como por exemplo a instituição de um Ministério para a paz.
Comprometamo-nos a recuperar a terra manchada pelo sangue da violência e do ódio, pelas desigualdades sociais e pela corrupção do coração. Ao ódio respondamos com o amor.
A compaixão, a partilha, a gratuidade, a sobriedade e a responsabilidade são para nós as escolhas que alimentam a fraternidade pessoal, a do coração.
Cultivar a semente da fraternidade espiritual começa em nós. Basta plantar uma pequena semente por dia nos nossos mundos relacionais: a própria casa, o bairro, a escola, o trabalho, a praça e as instituições onde se tomam decisões.
Acreditemos também na fraternidade social que reconhece a igual dignidade de todos, alimenta a amizade e a pertença, promove a educação, a igualdade de oportunidades, condições de trabalho dignas e justiça social, o acolhimento, a solidariedade e a cooperação, uma economia social solidária e uma transição ecológica justa, uma agricultura sustentável que garanta o acesso de todos aos alimentos, para promover relações harmoniosas enraizadas no respeito recíproco e no cuidado do bem-estar para todos.
Dentro deste horizonte é possível desenvolver ações de proximidade e leis humanas, pois «a fraternidade tem algo de positivo a oferecer à liberdade e à igualdade» (Ft, n. 103).
Juntos queremos construir uma fraternidade ambiental, fazer as pazes com a natureza reconhecendo que “tudo está relacionado”: o destino do mundo, o cuidado com a criação, a harmonia da natureza e os estilos de vida sustentáveis.
Queremos construir o futuro com as notas do Cântico das Criaturas de São Francisco, o cântico da Vida sem fim. A trama da fraternidade universal tece a urdidura das estrofes do Cântico: tudo está relacionado e na relação com tudo e com todos está a Vida.
Por isso, nós, reunidos no primeiro Encontro Mundial da Fraternidade Humana, dirigimos o nosso apelo à fraternidade a todos os homens e mulheres de boa vontade. Os nossos filhos, os nossos futuros só podem prosperar num mundo de paz, justiça e igualdade, em benefício da única família humana: só a fraternidade cria humanidade.
Cabe à nossa liberdade querer a fraternidade e construí-la juntos na unidade. Assinai juntamente connosco este apelo para abraçar este sonho e transformá-lo em prática quotidiana, a fim de que chegue às mentes e aos corações de todos os governantes e de quantos, a todos os níveis, têm uma pequena ou grande responsabilidade cívica.