Oolhar vivo, o sorriso que nunca cede à resignação, em sinal de esperança. Nem sequer diante da tragédia. A irmã Yvette Lwali Zawadi, da casa generalícia das Irmãs Angélicas em Roma, está em contacto permanente com as suas irmãs na República Democrática do Congo ( rdc ). «Muitas delas — diz — perderam familiares e conhecidos por causa das derrocadas e dos deslizamentos de terra. Uma tragédia que as une ainda mais às populações locais, todas à procura dos corpos dos seus entes queridos. Pode dizer-se que se consideram afortunados aqueles que podem dar sepultura aos próprios entes queridos».
A casa generalícia das Irmãs Angélicas de São Paulo situa-se na via Casilina, uma das periferias de Roma, e é sempre na periferia da capital do Kivu do Sul, Bukavu, que as Irmãs desempenham o seu trabalho.
«No Kivu do Sul — diz a irmã Yvette — estamos presentes com cerca de 55 irmãs e três casas. A primeira, em Murhesa, fica apenas a 30 km de Bukavu, mas não se deve pensar em quilómetros como aqui na Itália. Poucas milhas na rdc podem significar horas de viagem». As outras duas casas situam-se um pouco mais longe, precisamente em Kavumu e Kahele. Esta última, além das recentes inundações, é uma zona onde se registaram numerosos casos de violência causados pela instabilidade política e que afetaram sobretudo as mulheres.
Através dos nossos projetos, continua a Ir. Yvette, «optámos por dar prioridade às escolas e à educação. Na rdc , as escolas públicas são muitas vezes uma quimera e a maior parte das pessoas não tem possibilidade de pagar as mensalidades das instituições privadas. As nossas escolas acolhem cerca de 900 alunos e procuramos apoiar em particular a educação das adolescentes e das mulheres jovens, que são frequentemente discriminadas na educação. Não é fácil, até porque os custos são elevados. É também por isso que ativámos, há algum tempo, um programa de adoção à distância, através do qual qualquer pessoa pode ajudar-nos na nossa missão».
Ao lado da educação, as Irmãs Angélicas de São Paulo na República Democrática do Congo estão ativas em hospitais e orfanatos, mas também através de um verdadeiro trabalho de apostolado nas áreas mais remotas, onde apoiam famílias que cultivam pequenas parcelas de terra, especialmente mulheres sozinhas que devem sustentar e educar os próprios filhos. «Todos os meses — diz a irmã Yvette — nos encontramos com as mães e as crianças e procuramos dar-lhes o que precisam. No orfanato de Kahele há muitos casos de subnutrição grave e as irmãs fazem o que podem para apoiar os mais pequeninos necessitados».
A escolha do tipo de ação a realizar e dos beneficiários a assistir é supervisionada pela Arquidiocese de Bukavu, mas a presença da Congregação no Kivu do Sul desde 1963 é, por si só, a primeira garantia da eficácia das intervenções. «Afinal de contas — evidencia a irmã Yvette — as relações com as instituições locais baseiam-se geralmente na confiança e na colaboração. Um dos problemas mais delicados continua a ser, em todo o país, e não apenas no Kivu do Sul, o do pagamento dos professores que, muitas vezes, não recebem os salários durante longos períodos. A presença das nossas escolas representa, neste sentido, uma lufada de ar fresco e as pessoas veem-nos como um ponto de referência e de esperança».
«O nosso compromisso — conclui a Irmã Yvette — baseia-se no carisma da nossa congregação, a renovação do fervor cristão. O mesmo fervor que acompanhou a visita do Papa Francisco à República Democrática do Congo, que teve lugar entre 31 de janeiro e 3 de fevereiro de 2023. E mesmo que o Pontífice não tenha podido visitar Goma, a capital do Kivu do Norte, como estava inicialmente previsto, o simples facto de ter empreendido a viagem apostólica à rdc após o seu cancelamento forçado em julho de 2022, foi para toda a população do nosso país um sinal de esperança e, realmente, de renovado fervor cristão».
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Lucas Duran