· Cidade do Vaticano ·

O cardeal Marengo, prefeito apostólico de Ulan Bator, exprimiu a sua alegria pelo anúncio da viagem apostólica

A chegada do Pontífice à Mongólia encoraja fiéis e missionários

 A chegada do Pontífice à Mongólia  encoraja fiéis e missionários  POR-023
07 junho 2023

Uma notícia «de grande importância», acolhida com «profunda alegria». Um «sinal importante» para a Igreja na Mongólia, uma «comunidade jovem e pequena» que recebe agora um grande «encorajamento», tanto no que se refere aos fiéis — cerca de 1500 — como de dezenas de missionários. Com estas palavras, o cardeal Giorgio Marengo, prefeito apostólico de Ulan Bator, manifestou aos meios de comunicação do Vaticano a sua grande satisfação pelo anúncio da viagem apostólica do Papa à Mongólia, de 31 de agosto a 4 de setembro próximos. Será a 43ª visita internacional de Francisco, depois daquela a Portugal no início de agosto.

Eminência, como recebeu a notícia da viagem apostólica do Papa Francisco à Mongólia?

É muito importante! Antes de mais, acolhemos esta confirmação oficial com profunda alegria e gratidão. Já recebi várias mensagens entusiásticas de muitas pessoas, aqui na Mongólia, mas também de diversos países do mundo. Muitos dizem: «Que boa notícia!». E são de facto boas notícias. Com efeito, esta viagem é um sinal muito importante para a Igreja na Mongólia, um sinal de atenção e proximidade do Santo Padre para com a nossa pequena e jovem comunidade. Já tínhamos consciência desta proximidade, porque o Papa sempre mostrou uma consideração particular pelas periferias do mundo, como lugares especiais de testemunho. Mas a presença do sucessor de Pedro ao nosso lado é um verdadeiro encorajamento para todos os fiéis e missionários.

Que comunidade acolherá o Papa?

A prefeitura apostólica de Ulan Bator, que cobre todo o território do país, conta com cerca de 1.500 fiéis católicos locais, aos quais se unem os poucos estrangeiros presentes por motivos profissionais ou diplomáticos. A comunidade missionária é composta por 75 missionários e missionárias, representando 10 congregações religiosas e 27 nacionalidades. Uma comunidade decididamente internacional e muito diversificada. Há um total de 29 sacerdotes, dos quais 2 são locais; 36 religiosas, mais 6 religiosos não sacerdotes e 3 missionários leigos. Há nove lugares de culto oficialmente registados. Grande parte do trabalho missionário assume a forma de projetos de promoção humana, que são também apoiados pela investigação cultural e pelo diálogo inter-religioso. O falecido padre Stephen Kim Seong-hyeon, que faleceu subitamente na semana passada, com apenas 55 anos de idade, desejando uma possível visita do Papa, confidenciou-me que seria provavelmente o único caso de uma Igreja particular em que cada um dos membros poderia encontrar-se pessoalmente com o Santo Padre! Juntos imaginámos que talvez fosse possível incluir todos os fiéis numa única fotografia com o Papa Francisco. A Igreja na Mongólia é uma Igreja pobre e pequena, somos poucos, não temos muitos recursos. Mas nas pequenas comunidades há um cuidado forte e significativo uns pelos outros, e os laços formados entre as pessoas são marcados por um sentido edificante de verdade e autenticidade. Isto significa que a fraternidade, por exemplo, é muito espontânea, pois as pessoas desejam o melhor umas para as outras! Há algo da Igreja primitiva. O que não quer dizer que não haja um sentido de história. Formalmente, a Igreja na Mongólia nasceu nos últimos anos, mas num mundo em rápida mudança e num país com uma longa história, onde se podem encontrar vestígios da presença cristã em determinadas épocas. As pessoas que nos visitam vindas do exterior muitas vezes ficam impressionadas por aquilo a que eu chamaria um “vigor espiritual”. Como missionário que serviu esta Igreja durante cerca de 20 anos, posso testemunhar este vigor.

Os cristãos na Mongólia são uma minoria. Como é a relação com as outras religiões?

A coexistência inter-religiosa é uma herança que vem de longe e tem as suas raízes na política de tolerância dos Khans da Mongólia (séc. xii , ndr). O cristianismo já era conhecido e praticado por volta do ano 1000 e nós gostamos de nos reconectar idealmente com esta tradição antiga. No ano passado, celebrámos os primeiros trinta anos de presença efetiva da Igreja católica no país na época contemporânea. O diálogo inter-religioso faz parte da evangelização, não tanto como uma estratégia, mas como um meio de testemunho da Igreja. A relação inter-religiosa é como uma amizade, uma história sempre baseada na confiança recíproca e construída ao longo do tempo. Trata-se de experimentar juntos, de caminhar juntos. A noção de minoria vem da observação exterior, mas aqui as pessoas não pensam nesses termos, pensam antes em como viver na fidelidade ao Evangelho todos os dias.

Que frutos espera que a presença do Santo Padre produza na Mongólia e na Ásia?

É importante que a Mongólia seja mais conhecida no mundo, precisamente pela sua riqueza cultural e religiosa, bem como pela sua história. A visita do Santo Padre contribuirá certamente para pôr em evidência a beleza desta terra e a nobreza do seu povo, guardião de tradições muito profundas que sempre caraterizaram esta região da Ásia. Para a pequena comunidade católica, naturalmente, será um especial dom de graça, pensando no trabalho silencioso e fecundo de tantos missionários e missionárias que deram a vida pelo Evangelho e continuam a fazê-lo, longe das luzes da ribalta, para o único bem das populações daqui. Por conseguinte, o meu desejo é que esta viagem marque um novo passo na construção de relações de confiança e de amizade, no seio das quais o Evangelho seja verdadeiramente vivido e testemunhado.

Deborah Castellano Lubov