Os jovens são chamados
A Jornada mundial da juventude é um evento festivo, mas ao mesmo tempo uma oportunidade de encontro e partilha com os jovens de todo o mundo, disse o cardeal Pietro Parolin durante a missa celebrada no domingo, 14 de maio, na igreja paroquial de Nossa Senhora dos Navegantes, no Parque das Nações, em Lisboa, no dia seguinte à conclusão da tradicional peregrinação à Cova da Iria, presidida este ano pelo secretário de Estado, que esteve em Fátima nos dias 12 e 13.
Na homilia da celebração eucarística, Parolin sublinhou o significado das palavras com que São Pedro nos convida a estar «sempre prontos a responder a quem vos perguntar a razão da esperança que há em vós». E esta razão tem um nome e um rosto: é Cristo vivo. A missa na capital portuguesa foi também uma oportunidade para refletir sobre o caminho de preparação para a próxima Jmj. Para a maior parte dos jovens, salientou o cardeal, este evento só começará no início de agosto, mas para muitos que estão ativamente empenhados na sua preparação, já começou. Neste sentido, «já faz parte das vossas orações, do vosso trabalho, da vossa generosidade e do vosso compromisso», disse, dirigindo-se ao cardeal Manuel Clemente, patriarca de Lisboa, e aos seus principais colaboradores, em particular a D. Américo Aguiar, bispo auxiliar, que coordena todo o trabalho.
O secretário de Estado assegurou depois aos organizadores e aos jovens que não estão sozinhos. «Todos estamos cientes — observou — de que a preparação da Jornada mundial da juventude é sempre complexa, cheia de desafios contínuos e, por vezes, de obstáculos que parecem intransponíveis». No entanto, «Deus garante-nos a sua presença contínua através da ação da Santíssima Trindade e, de modo particular, através da assistência constante do Espírito da Verdade». Esta presença «manifesta-se de muitas maneiras, mas sobretudo na oração». Por isso, é importante que «o caminho de preparação que estais a fazer seja particularmente marcado por momentos de oração que fortaleçam e renovem os vossos corações».
O cardeal reconheceu que, «nas circunstâncias atuais em que vivemos, muitos jovens experimentam um vazio existencial que muitas vezes não lhes permite encontrar um sentido para a própria vida». Cada jovem traz dentro de si «o desejo de encontrar uma resposta aos desejos mais profundos». Por conseguinte, o convite do apóstolo Pedro é «um encorajamento a acolher cada jovem peregrino, com as suas interrogações e angústias, e a alargar os seus horizontes com a esperança que nos é dada por Cristo que vive nos nossos corações».
Por isso, o purpurado convidou os jovens a sonhar em grande e a voar alto, fazendo votos para que a próxima Jmj «torne real a esperança» de tantos deles que «virão procurar um sentido para a sua vida, orientando as suas expetativas para Deus». Assegurou que os acompanhará com a oração e encorajou-os a não desistirem perante as dificuldades que irão encontrar, confiando na intercessão constante de Nossa Senhora.
No sábado, 13, na basílica de Nossa Senhora do Rosário, em Fátima, o secretário de Estado celebrou a missa por ocasião do aniversário da aparição de Nossa Senhora. E na homilia recordou que a história dos crentes, da qual Fátima é sinal e anúncio, mostra sempre Maria «solícita e presente, pela graça de Deus, na vida diária» e «no seu tempo, a fim de que a luz da Páscoa ilumine as mentes, os corações, as mãos, as obras e os dias, abrindo-os assim ao futuro de Deus, que é sempre um futuro de paz e de esperança».
Depois indicou duas palavras — penitência e oração — que aquele lugar santo da Cova da Iria, com a sua história e espiritualidade, propõe para que se possa conservar no coração, como a Virgem Maria, «a consciência da proximidade da humanidade à Jerusalém celeste, o dom do Espírito, a vocação para “sonhar”, que nos ensinam a testemunhar a Páscoa de Jesus». A penitência autêntica «faz-nos crescer numa relação correta com o próximo; a verdadeira oração educa-nos para o encontro com a Santíssima Trindade».
No final da tarde de 12 de maio, durante a vigília e a procissão aux flambeaux, que contou com a presença de cerca de 230.000 fiéis na Cova da Iria, o cardeal recordou, entre outras coisas, que a Igreja deve ser «instrumento vivo de esperança», que não se deixa dominar pelo ódio e pela violência do mundo atual, prisioneiro da «falta de sentido e desespero».