Com o coração próximo
Proximidade às populações da Turquia e do norte da Síria, dramaticamente atingidas pelo devastador sismo de fevereiro, foi renovada pelo Papa na saudação aos participantes no vi colóquio entre o Dicastério para o diálogo inter-religioso e o Royal Institute for Inter-Faith Studies da Jordânia, sobre o tema «Creative Commonalities between Christianity and Islam». O Pontífice recebeu-os na manhã de 4 de maio, na Biblioteca particular do Palácio apostólico no Vaticano e nessa circunstância dirigiu-lhes o seguinte discurso.
Eminência, obrigado pelas suas palavras!
Vossa Alteza Real, Príncipe El Hassan bin Talal
Queridos irmãos e irmãs!
Receber-vos por ocasião do vosso Colóquio é motivo de alegria para mim. O facto de vos encontrardes pela sexta vez demonstra perseverança no caminho do diálogo inter-religioso e intercultural, e é também demonstração de uma amizade fiel que perdura, apesar da alternância das pessoas e das responsabilidades. Com efeito, cada um de nós é como o elo de uma longa corrente: muitas pessoas precederam-nos no bonito e exigente caminho do encontro e da amizade, outras seguir-nos-ão, como esperamos e rezamos, confirmando aquele sentimento de fraternidade que é o fundamento das relações entre os povos.
Desejo exprimir apreço e gratidão a Sua Majestade o Rei Abdullah ii da Jordânia, pela sua atenção às comunidades cristãs não somente do seu país, mas também àquelas do Médio Oriente, de modo especial em tempos marcados por conflitos e violências. Sua Majestade não se cansa de repetir que os cristãos dessas terras abençoadas são autóctones, portanto, vivem onde os seus antepassados viveram há muitos séculos.
O Instituto Real para os Estudos Inter-Religiosos, sob a guia iluminada do Príncipe El Hassan bin Talal, tem entre os seus principais objetivos a preservação e a valorização da herança árabe cristã. A este respeito, não posso deixar de manifestar ulterior gratidão, pois isto não beneficia apenas os cidadãos cristãos de ontem e de hoje, mas também tutela e consolida esta herança em todo o Médio Oriente, tão diversificado e rico em etnias, religiões, culturas, línguas e tradições. Com efeito, trata-se de preservar ciosamente cada peça deste lindo mosaico! Seria também desejável, onde for possível, uma estreita colaboração com institutos cristãos que têm o mesmo nobre objetivo.
Para ser fecundo, o diálogo que praticais e promoveis exige um estilo de sinceridade e respeito recíproco, na consciência tanto das convergências como das divergências. É preciso apostar sobretudo nas primeiras, ou seja, naquilo que nos une, quer a nível religioso-espiritual quer a nível ético-moral. Neste sentido, o vosso objetivo consiste em ressaltar numerosos valores comuns, como a adoração do único Deus, a oração, o jejum, a peregrinação, a compaixão, a partilha, o cuidado dos desfavorecidos e de quantos sofrem: o órfão, a viúva, o enfermo, o idoso, o imigrante, o refugiado. Acreditamos também que nem tudo acaba com a morte, mas que existe outra vida, eterna, onde prestaremos contas a Deus das nossas ações e receberemos a recompensa ou o castigo. Portanto, o nosso compromisso comum é por uma vida boa, que dê glória a Deus e alegria a quantos encontramos na nossa peregrinação terrena.
E não quero deixar-vos sem dizer uma última palavra. Encontrei-me com o Embaixador, que me recordou o drama da Turquia e do norte da Síria. O nosso coração está próximo também de tantas pessoas que sofreram devido a este terrível tremor de terra. Oremos por elas e façamos o possível para as ajudar. Há muçulmanos, cristãos, nossos irmãos e irmãs!
Caros amigos, obrigado por este encontro! Deus vos abençoe e sustente os vossos esforços para fazer crescer um mundo onde todos possam viver como irmãos e irmãs, em paz, segurança e dignidade. Por favor, rezai também por mim. Obrigado!