As divisões facciosas ferem
«Até nos nossos dias vemos que a unidade da Igreja é ferida pela divisão... Isto é frequentemente causado pela influência de ideologias e movimentos que, embora às vezes tenham boas intenções, acabam por fomentar partidos e críticas, onde cada um desenvolve um certo complexo de superioridade, quando se trata de compreender a prática da fé», disse Francisco dirigindo-se aos membros da Papal Foundation recebidos em audiência na manhã de 21 de abril, na sala do Consistório.
Eminências, Excelências!
Tenho o prazer de vos saudar, Membros, Administradores e Delegados da Papal Foundation, e de vos formular os meus melhores votos, acompanhados da oração, pela vossa permanência na Sé de Pedro, chamado pelo Senhor na Última Ceia, na presença dos outros, a confirmar os irmãos e servir de sinal visível de unidade para a Igreja (cf. Lc 22, 31-32). Esta atribuição pública de responsabilidade, transmitida aos seus sucessores, é compartilhada a vários níveis por todas as realidades que, direta ou indiretamente, assistem o Papa no cumprimento da sua missão. Qualificada como “papal” — Papal Foundation — caros irmãos e irmãs, a vossa Fundação pode certamente contar-se entre elas.
À luz da responsabilidade pela unidade confiada a Pedro e aos seus sucessores, gostaria de frisar dois aspetos da vossa colaboração para a missão do Papa. O primeiro é a promoção da unidade. Infelizmente, até nos nossos dias vemos que a unidade da Igreja é ferida pela divisão. E o diabo é especialista na luta contra a unidade, ele é um especialista! Isto é frequentemente causado pela influência de ideologias e movimentos que, embora às vezes tenham boas intenções, acabam por fomentar partidos e críticas, onde cada um desenvolve um certo complexo de superioridade, quando se trata de compreender a prática da fé. Isto é agravado ainda mais pela aplicação de uma terminologia mundana, sobretudo de tipo político, quando se fala da Igreja e da própria fé. São Paulo alertou a Igreja nascente contra estes instrumentos de divisão, que falam de modo superficial ou rejeitam totalmente a natureza da Igreja, como unidade na diversidade, como unidade sem uniformidade (cf. 1 Cor 3, 1-9; Rm 16, 17-18). E Aquele que faz esta unidade sem uniformidade, o único capaz de o fazer, é o Espírito Santo.
Motivados por uma fé sincera e pelo desejo vivo de ajudar o próximo, os membros da Papal Foundation elevam-se acima destas divisões facciosas e promovem a unidade através do financiamento generoso, todos os anos, de numerosos projetos e bolsas de estudo que oferecem vital assistência, sem preconceitos nem discriminações, aos nossos irmãos e irmãs no mundo inteiro. Com gratidão pelo vosso testemunho neste sentido, encorajo-vos a perseverar neste vosso serviço peculiar à unidade da Igreja universal.
O segundo aspeto, evocado pela atribuição de responsabilidade a Pedro e aos seus sucessores para a unidade da Igreja, é a transparência. Unidade e transparência. Como sabeis, nos últimos anos a Santa Sé deu passos consideráveis para garantir que os serviços prestados à Igreja universal e à sociedade em geral pelos seus vários Dicastérios, Instituições e Gabinetes sejam realizados com uma adequada transparência. Isto é particularmente importante no serviço de caridade, que conta com a boa vontade e a generosidade de muitas pessoas no mundo inteiro. Embora não sejam comparáveis com o imenso dano que deriva da incapacidade de proteger os mais vulneráveis contra várias formas de abuso, os escândalos financeiros causados pela falta de vigilância e transparência prejudicam o bom nome da Igreja e podem pôr em causa a credibilidade da própria fé. A este propósito, agradeço e aprecio a Papal Foundation pelo seu compromisso constante em tomar medidas adequadas de transparência, a fim de que o financiamento de bolsas de estudo e de projetos beneficie verdadeiramente os necessitados, contribuindo para a edificação do Reino de Deus na terra. E nada se perca pelo caminho, nem fique nos bolsos.
Estimados amigos, manifesto mais uma vez a minha gratidão por todo o vosso esforço e rezo a fim de que sejais renovados no vosso zelo para assistir a obra caritativa do Bispo de Roma que, na caridade, preside à Igreja inteira (cf. Inácio de Antioquia, Carta aos Romanos, Proémio). Obrigado, muito obrigado! Sei que desempenhais este trabalho com alegria, com júbilo! Nunca percais o sense of humor, jamais, ide em frente com isto, que é muito importante. Confio-vos, bem como as vossas famílias e quantos estão associados à vossa missão, à intercessão de Maria, Mãe da Igreja, enquanto vos abençoo de coração. E peço-vos, por favor, que não vos esqueçais de rezar por mim. Obrigado!