No dia 14 de março teve lugar a xxvi Sessão pública das Academias Pontifícias, durante a qual foi atribuído, com a Medalha de ouro do Pontificado, o Prémio 2022 ao Estúdio opps por uma intervenção de adaptação litúrgica da capela da Fundação dos Santos Francisco de Assis e Catarina de Sena em Roma. Publicamos em seguida a mensagem enviada pelo Papa Francisco aos participantes naquela solene ocasião, cujo texto foi lido pelo secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin
Ao prezado Irmão
Cardeal José Tolentino de Mendonça
Prefeito do Dicastério
para a Cultura e a Educação
Presidente do Conselho de Coordenação
entre Academias Pontifícias
Por ocasião da xxvi solene Sessão Pública das Academias Pontifícias, tenho o prazer de lhe apresentar, Senhor Cardeal, os melhores votos para o serviço de Presidente do Conselho de Coordenação entre Academias Pontifícias. Com efeito, com a nomeação como Prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, assumiu também esta tarefa, a desempenhar no espírito e de acordo com a orientação da Constituição Apostólica Praedicate Evangelium (cf. Art. 162). Ao mesmo tempo, desejo manifestar a minha gratidão ao Cardeal Gianfranco Ravasi, que por quinze anos presidiu ao Conselho de Coordenação, dando considerável impulso à vida das Academias Pontifícias e valorizando as Sessões Públicas. Portanto, saúdo com profunda gratidão os ilustres Presidentes e Membros presentes, bem como as distintas Autoridades e quantos participam no tradicional encontro em que, por sua vez, cada Academia apresenta um tema relevante para o próprio âmbito de atividade.
A atual Sessão Pública viu como protagonista a Pontifícia e Insigne Academia de Belas-Artes dos Virtuosos no Panteão, a mais antiga das instituições representadas no Conselho. O Presidente, Prof. Pio Baldi, e os Académicos solicitaram, para esta edição do Prémio, as propostas daqueles que, a vários níveis, se ocupam de arquitetura sagrada e, portanto, na projetação, montagem, adaptação litúrgica, renovação e reutilização dos espaços destinados ao culto, tendo em consideração as novas exigências e a linguagem arquitetónica contemporânea.
O tema é significativo e atual como nunca, dado que é sempre vivo e às vezes até vivaz, o debate sobre as propostas de renovação da arquitetura sagrada, que tem a árdua tarefa de criar, especialmente nos novos bairros, tanto nas periferias das cidades como nos pequenos centros urbanos, espaços adequados onde a comunidade cristã possa celebrar dignamente a sagrada liturgia, segundo os ensinamentos do Concílio Vaticano ii .
Bem sabemos como o ambiente celebrativo é importante para fomentar a oração e um sentido de comunhão: espaço, luz, acústica, cores, imagens, símbolos, mobiliário litúrgico constituem elementos fundamentais dessa realidade, desse acontecimento humano e ao mesmo tempo divino, que é precisamente a liturgia.
Por isso, gostaria de me referir à recente Carta Apostólica Desiderio desideravi, dedicada exatamente à formação litúrgica do Povo de Deus, para realçar dois aspetos que certamente podem ser válidos também para as questões arquitetónicas e artísticas. Em primeiro lugar, é essencial redescobrir a linguagem simbólica e ser capaz de a compreender: «Ter perdido a capacidade de compreender o valor simbólico do corpo e de todas as criaturas torna a linguagem simbólica da Liturgia quase inacessível ao homem moderno. Não se trata, contudo, de renunciar a essa linguagem: não é possível renunciar a ela, porque foi o que a Santíssima Trindade escolheu para nos alcançar na carne do Verbo. Trata-se, antes, de recuperar a capacidade de utilizar e de compreender os símbolos da Liturgia» (n. 44).
Outro aspeto essencial é o da inspiração da criatividade artística e arquitetónica, que na visão cristã brota precisamente da vida litúrgica, da ação do Espírito e não apenas da subjetividade humana: «É preciso, continua a Carta Apostólica, conhecer o modo como o Espírito Santo age em cada celebração: a arte de celebrar deve estar em sintonia com a ação do Espírito. Só assim estará livre de subjetivismos [...] e de culturalismos [...]. A um artesão basta a técnica; a um artista, para além de conhecimentos técnicos, não pode faltar a inspiração que é uma forma positiva de posse: o verdadeiro artista não possui uma arte, é possuído por ela» (nn. 49-50).
Aceitando agora as propostas que as Academias Pontifícias formularam para o Prémio da presente edição, tenho o prazer de atribuir, com a Medalha de ouro do Pontificado, o Prémio das Academias Pontifícias ao Estúdio opps , por uma ação de renovação e adaptação litúrgica da capela da Fundação Santos Francisco de Assis e Catarina de Sena, em Roma.
Além disso, tenho o prazer de atribuir a Medalha de prata do Pontificado à arquiteta Federica Frino, pelo projeto da nova igreja de S. Tomás, em Pontedera.
Estimado Irmão, desejo-lhe, bem como a cada um dos Académicos, um frutuoso compromisso nos respetivos campos de investigação e de serviço e, confiando-vos ao amparo maternal da Virgem Maria, Templo e Arca da Nova Aliança, recomendo-me às vossas orações e, de coração, concedo a vós e a todos os presentes a Bênção Apostólica.
Vaticano, 14 de março de 2023.