A esperança Yanomami

Gostaria de te ver feliz. Não sei o teu nome. Vi rapidamente o teu rosto no Instagram. Estavas agarrada ao seio da tua mãe. Um seio sem leite. Uma mãe sem carne. Uma mãe sem pele nem ossos. A tua mãe tinha fome, como tu que não consegues ser amamentada com o seu leite. Uma fome que perdura há mais de quinhentos anos. Há quinhentos anos o país em que vives era somente terra, era apenas liberdade, era só felicidade. As tuas antepassadas viviam da floresta e do céu. Depois chegaram homens de barba, numa caravela do outro lado do mundo, da Europa. Homens com uma bandeira e com a prepotência que saía da ponta dos seus dedos trémulos. E às tuas antepassadas, naquele cone de gelado a que hoje chamamos América Latina, roubaram a ...