As lágrimas do Papa Francisco — rezando à Imaculada a 8 de dezembro no coração de Roma — entrelaçam-se com as lágrimas do povo ucraniano. Sim, nestas lágrimas, estão as histórias de crianças, mulheres e homens que nestes meses de guerra o Papa ouviu, abraçando quantos sofrem em tantos encontros diretos, e partilhou lendo os testemunhos da monstruosidade da guerra.
As lágrimas de Francisco ao apresentar «o povo ucraniano» a Maria, declinando o verbo no condicional — «Gostaria de ter-te trazido hoje o agradecimento...» — foram bem vistas na televisão, mas também claramente sentidas por quem se encontrava na praça. A ponto de suscitar no povo duas reações espontâneas, dois gestos eloquentes, sem recorrer a palavras: primeiro, o silêncio que fala, e depois o aplauso. Portanto lágrimas partilhadas, como a oração e a esperança de paz, com olhar fixo na imagem da Imaculada, cujo braço foi adornado para a solenidade com uma coroa de flores (colocada de manhã por um bombeiro).
A peregrinação mariana do Pontífice — após os dois anos da pandemia — incluiu a visita à basílica de Santa Maria Maior para uma prece particular perante o ícone das Salus Populi Romani.
Na esteira espiritual da meditação proposta no Angelus, ao meio-dia, o Papa saiu da Casa Santa Marta de carro às 15h15, acompanhado por D. Edgar Peña Parra, substituto para os Assuntos gerais da Secretaria de Estado, pelo conselheiro mons. Roberto Campisi, e o regente da Prefeitura da Casa pontifícia, mons. Leonardo Sapienza. Na basílica liberiana foi recebido pelo cardeal arcipreste Stanisław Ryłko. E à Salus Popoli Romani Francisco apresentou-se com uma prece e um cesto de rosas brancas, colocadas sobre o altar.
Depois, ainda de carro, o Papa foi à praça de Espanha para a tradicional homenagem à Imaculada, diante da coluna encimada pela imagem da Mãe de Deus. Foi recebido pelo cardeal vigário para a diocese de Roma, Angelo De Donatis, e pelo presidente da câmara, Roberto Gualtieri.
Em nome do Papa, dois membros do pessoal da antecâmara papal colocaram um grande cesto de rosas brancas diante da coluna mariana. As rosas de Francisco uniram-se ao “mar” de flores oferecidas por famílias, paróquias, associações, comunidades e organizações públicas e particulares. E desde as primeiras horas do dia, os frades menores conventuais da basílica dos Santos 12 Apóstolos receberam os peregrinos para as homenagens florais.
Durante o momento de oração — dirigida por mons. Diego Ravelli, mestre-de-cerimónias litúrgicas pontifícias, com o cerimoniário mons. Ján Dubina — o Papa dirigiu a prece à Imaculada para lhe apresentar Roma e o mundo, mas sobretudo as expetativas de paz dos povos que vivem a guerra. Em especial na Ucrânia. A oração terminou com a bênção. Em seguida, o Pontífice regressou ao Vaticano.