Fazer Sínodo
Na tarde de 28 de novembro, o Papa Francisco recebeu os participantes no encontro dos presidentes e dos coordenadores das assembleias continentais do Sínodo dos bispos.
A audiência iniciou com o discurso de saudação do cardeal Jean-Claude Hollerich, arcebispo de Luxemburgo, relator-geral na xvi assembleia geral ordinária do Sínodo dos bispos. «Obrigado, disse dirigindo-se ao Pontífice, por nos receber e por nos dar os seus conselhos para o processo sinodal».
«Com a fase continental do processo, explicou, começamos o nosso discernimento missionário. Efetivamente, com esta fase do Sínodo já vivemos uma primeira dimensão universal do processo. Com efeito, esta etapa diz que as diferentes Igrejas não devem permanecer isoladas no seu caminho, e o diálogo circular das assembleias continentais beneficiará as Igrejas de todos os continentes».
«Uma sinodalidade que quiser ser católica, continuou, tem necessidade do cuidado e dos conselhos de Pedro. Precisamos de Vossa Santidade, que dá testemunho de liberdade no Espírito, mas também porque vemos algumas tentações ao longo deste caminho». E, acrescentou, «gostaria de falar sobre uma tentação que às vezes se vê nos meios de comunicação: trata-se da tentação da “politização” na e da Igreja, ou seja, viver e pensar a Igreja segundo a lógica da política. Alguns têm uma agenda para a reforma da Igreja; sabem muito bem o que deve ser feito e querem utilizar o Sínodo para esta finalidade: significa instrumentalizar o Sínodo. Isto é politização. Do lado oposto estão — para retomar a sua palavra — os “retrocedistas”, que não compreendem que uma verdadeira tradição católica evolui permanecendo tradição no seu tempo. Também eles gostariam de impedir o processo sinodal. Nós, ao contrário — como ouvimos esta manhã nos nossos trabalhos — queremos entrar num verdadeiro discernimento, um discernimento apostólico e missionário, a fim de que a Igreja sinodal possa cumprir a sua missão no mundo. Queremos caminhar juntos, com Vossa Santidade e sobretudo com o Espírito Santo e com Jesus, para embelezar a nossa Igreja».
Sucessivamente, os presidentes ou os coordenadores das assembleias continentais apresentaram, por sua vez, os frutos do processo em curso nos respetivos continentes ou regiões. Seguiu-se um tempo de diálogo. A audiência, realizada num clima de grande fraternidade, durou duas horas.
Convocado ontem de manhã nos gabinetes da Secretaria geral do Sínodo para dar aos presidentes e aos coordenadores a possibilidade de se prepararem juntos para as assembleias continentais — que constituem o momento culminante da segunda fase do processo sinodal 2021-2024 — o encontro concluiu-se esta manhã. «Sinto gratidão e admiração», comentou o cardeal Mario Grech, secretário-geral do Sínodo. «Ouvi, salientou, o testemunho de uma Igreja viva. A partilha destes dias demonstra que o processo já está bem encaminhado e que temos muito para aprender uns dos outros».
«Tenho muita esperança, assegurou, na nossa tarefa, que é e permanece, em primeiro lugar, a evangelização: o anúncio da boa nova de Jesus Cristo. Este é o caminho sinodal. Neste processo não devemos ter medo das tensões, que também podem ser saudáveis. Não devemos excluir ninguém e ouvir todos. Até aqueles que estão fora do ambiente formal da Igreja, pois às vezes a Igreja está presente onde não pensávamos encontrá-la».