· Cidade do Vaticano ·

Mensagem da secretaria geral do Sínodo

Ao serviço do Concílio

 Ao serviço do Concílio  POR-041
13 outubro 2022

Publicamos o texto da mensagem divulgada na manhã de 10 de outubro.

O 60º aniversário da abertura do Concílio Vaticano ii constitui um momento de particular graça também para o Sínodo, que representa um fruto daquela assembleia ecuménica, aliás, uma das suas «heranças mais preciosas» (Francisco, Const. ap. Episcopalis communio, 15 de setembro de 2018, n. 1). Com efeito, o Synodus Episcoporum foi instituído por São Paulo vi no início do quarto e último período do Concílio (15 de setembro de 1965), respondendo aos pedidos apresentados por numerosos padres conciliares.

O objetivo do Sínodo era e continua a ser o de prolongar, na vida e na missão da Igreja, o estilo do Concílio Vaticano ii , assim como o de favorecer no Povo de Deus a apropriação viva do seu ensinamento, ciente de que aquele Concílio representou «a grande graça de que a Igreja beneficiou no século xx » (João Paulo ii , Carta ap. Novo millennio ineunte, 6 de janeiro de 2001, n. 57). Uma tarefa longe de estar completa, visto que a receção do magistério conciliar constitui um processo em ato, sob certos aspetos ainda no início.

Ao longo destas décadas, o Sínodo colocou-se constantemente ao serviço do Concílio, contribuindo para renovar o rosto da Igreja, numa fidelidade cada vez mais profunda à Sagrada Escritura e à Tradição viva, e à escuta atenta dos sinais dos tempos. As suas Assembleias — Gerais Ordinárias, Gerais Extraordinárias e Especiais — foram todas, cada qual à sua maneira, permeadas pela linfa vital do Concílio, cujos ensinamentos de tempos a tempos foram aprofundados, abrindo as potencialidades diante dos novos cenários e fomentando a inculturação entre os diferentes povos.

Também o processo sinodal em curso, dedicado à «Sinodalidade na vida e na missão da Igreja», está inserido no sulco do Concílio. A sinodalidade é totalmente um tema conciliar, embora este termo — de cunhagem recente — não se encontre expressamente nos documentos da assembleia ecuménica. A magna charta do Sínodo de 2021-2023 é a doutrina do Concílio sobre a Igreja, em particular a sua teologia do Povo de Deus, um Povo que «tem por condição a dignidade e a liberdade dos filhos de Deus, em cujo coração o Espírito Santo habita como num templo» (Lumen gentium, 9).

De resto, «comunhão, participação e missão» — os termos que o Papa Francisco quis incluir no próprio título do percurso sinodal, fazendo deles, por assim dizer, as palavras-chave — são eminentemente palavras conciliares. A Igreja que somos chamados a sonhar e a edificar é uma comunidade de mulheres e homens unidos em comunhão pela única fé, pelo batismo comum e pela mesma Eucaristia, à imagem de Deus Trindade: mulheres e homens que, juntos, na diversidade dos ministérios e carismas recebidos, participam ativamente na instauração do Reino de Deus, com a ansiedade missionária de levar a todas e a todos o jubiloso testemunho de Cristo, único Salvador do mundo.

Já Bento xvi afirmava que «a dimensão sinodal é constitutiva da Igreja: ela consiste na reunião de todos os povos e culturas para se tornar um só em Cristo e caminhar juntos no seguimento daquele que disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14, 6)» (Angelus, 5 de outubro de 2008). No mesmo horizonte, o Papa Francisco, comemorando o cinquentenário da instituição do Sínodo, afirmou que o caminho da sinodalidade, «dimensão constitutiva da Igreja», «é o caminho que Deus espera da Igreja do terceiro milénio» (17 de outubro de 2015).

Cidade do Vaticano, 10 de outubro de 2022.

A um ano da inauguração do processo sinodal de 2021-2023.