Pôr fim à espiral
E manifestou proximidade às populações de Cuba e Florida
atingidas por um furacão
Depois dos apelos que se repetem a cada quinze dias nas audiências gerais de quarta-feira e no Angelus dominical, bem como de numerosas outras intervenções sobre o tema dramático sempre que se apresenta a ocasião, o Papa Francisco decidiu dedicar uma meditação inteira à guerra devastadora na Ucrânia. Pedir ao presidente da Federação russa — «também por amor ao seu povo» — para pôr fim à «espiral de violência e morte»; e ao presidente da Ucrânia, «para estar aberto a propostas sérias de paz». As palavras do Sumo Pontífice ecoaram da janela do Palácio apostólico do Vaticano, antes da recitação da tradicional oração mariana ao meio-dia de domingo, 2 de outubro, com os fiéis presentes na praça de São Pedro e com aqueles que o seguem através dos meios de comunicação social.
Estimados irmãos e irmãs bom dia!
O andamento da guerra na Ucrânia tornou-se tão grave, devastador e ameaçador, a ponto de causar grande preocupação. Por isso hoje gostaria de dedicar-lhe toda a minha reflexão antes do Angelus. De facto, esta terrível e inconcebível ferida da humanidade, em vez de sarar, continua a sangrar cada vez mais, correndo o risco de se alargar.
Afligem-me com os rios de sangue e lágrimas derramados nestes meses. Entristecem-me os milhares de vítimas, particularmente crianças, e as muitas destruições, que deixaram numerosas pessoas e famílias sem abrigo e ameaçam com o frio e a fome vastos territórios. Tais ações nunca podem ser justificadas, nunca! É angustiante que o mundo esteja a aprender a geografia da Ucrânia através de nomes como Bucha, Irpin, Mariupol, Izyum, Zaporizhzhia e outras localidades, que se tornaram lugares de sofrimento e medo indescritíveis. E o que dizer do facto que a humanidade está de novo diante da ameaça atómica? É absurdo.
Que mais deve ainda acontecer? Quanto sangue deve ainda escorrer para nos darmos conta de que a guerra nunca é uma solução, apenas destruição? Em nome de Deus e em nome do sentido de humanidade que habita em cada coração, renovo o meu apelo a um cessar-fogo imediato. Silenciar as armas e procurar as condições para negociações que conduzam a soluções que não sejam impostas pela força, mas concordadas, justas e estáveis. E serão assim se forem fundadas no respeito pelo valor sacrossanto da vida humana, bem como na soberania e integridade territorial de cada país, e nos direitos das minorias e das legítimas preocupações.
Deploro profundamente a grave situação que se criou nos últimos dias, com novas ações contrárias aos princípios do direito internacional. Ela aumenta o risco da escalada nuclear, a ponto de temer consequências incontroláveis e catastróficas em todo o mundo.
O meu apelo dirige-se antes de mais ao Presidente da Federação Russa, pedindo-lhe que ponha fim a esta espiral de violência e morte, inclusive para o bem do seu povo. Por outro lado, entristecido pelo imenso sofrimento do povo ucraniano como resultado da agressão que sofreu, faço um apelo igualmente confiante ao Presidente da Ucrânia para que esteja aberto a propostas sérias de paz. A todos os protagonistas da vida internacional e aos responsáveis políticos das nações, exorto a fazer tudo o que estiver ao seu alcance para pôr fim à guerra em curso, sem se deixarem arrastar para escaladas perigosas, e a promover e apoiar iniciativas de diálogo. Por favor, deixemos que as gerações mais jovens respirem o ar saudável da paz, não o ar poluído da guerra, que é uma loucura!
Após sete meses de hostilidades, utilizemos todos os meios diplomáticos, também aqueles que eventualmente não foram utilizados até agora, para pôr fim a esta terrível tragédia. A guerra em si mesma é um erro e um horror!
Confiemos na misericórdia de Deus, que pode mudar os corações, e na intercessão materna da Rainha da Paz, ao elevarmos a nossa Súplica a Nossa Senhora do Rosário de Pompeia, espiritualmente unidos aos fiéis reunidos no seu Santuário e em tantas partes do mundo.
Proximidade às populações de Cuba e da Florida atingidas por um furacão e às vítimas de confrontos durante um jogo de futebol na Indonésia foi expressa pelo Papa no final do Angelus, durante as saudações aos grupos de fiéis presentes. Antes de concluir, o Pontífice falou também da projeção noturna de um filme dedicado ao Príncipe dos Apóstolos na fachada da basílica do Vaticano.
Estimados irmãos e irmãs!
Estou próximo das populações de Cuba e da Florida, atingidas por um violento furacão. Que o Senhor acolha as vítimas, dê conforto e esperança a quantos sofrem e ampare o compromisso de solidariedade.
E rezo também por aqueles que perderam a vida e ficaram feridos nos conflitos que eclodiram após um jogo de futebol em Malang, Indonésia.
Esta noite, haverá uma projeção audiovisual na fachada da Basílica de São Pedro sobre a figura do Apóstolo Pedro. As projeções serão repetidas até 16 de outubro, todas as noites das 21 às 23 horas. Agradeço a todos aqueles que trabalharam para esta iniciativa, que inaugura um itinerário pastoral dedicado a São Pedro e à sua missão.
Saúdo todos vós, romanos e peregrinos de diversos países: famílias, grupos paroquiais, associações. Em particular, saúdo o grupo da Diocese de Nanterre (França) e o grupo da Missão Católica Italiana em Karlsruhe (Alemanha). Saúdo os fiéis de Cordenons, Corbetta, Arcade Povegliano, Formia, Grumo Appula e Cagliari.
Desejo a todos bom domingo. E por favor não vos esqueçais de rezar por mim. Bom almoço e até à vista!