Só unidos, através de esforços conjuntos, é possível «realizar e apoiar obras fundamentais de justiça, compaixão e dignidade humana» a favor de migrantes e refugiados, restituindo-lhes o que perderam ao deixarem os seus lugares de origem. Começou com esta consideração o discurso proferido na tarde de 26 de setembro, pelo cardeal Michael Czerny no congresso «Initiatives in refugee & migrant education. Moving forward. Digging deeper. Together». O evento, que decorreu na Pontifícia universidade Gregoriana até ao dia 28, reuniu dirigentes e docentes universitários, líderes de ongs, organizações e agências humanitárias comprometidas em melhorar e ampliar as oportunidades educativas para os migrantes e os refugiados. E isto em consonância com o Dia mundial a eles dedicado, celebrado no domingo 25 de setembro.
Depois de ter expressado gratidão à comunidade universitária pelo compromisso no estudo e na pesquisa sobre os temas da imigração, o prefeito do Dicastério para o serviço do desenvolvimento humano integral salientou a importância de seguir a metodologia da Gaudium et spes, ou seja, afrontando os problemas não num quadro dedutivo derivado de fontes doutrinais, mas através de uma análise indutiva dos acontecimentos. E, ao fazê-lo, é necessário contar com a ajuda do Espírito Santo para identificar novos caminhos e escolhas corajosas, considerando que não existe uma solução única e universal para as dificuldades colocadas pelas realidades sociais de hoje.
Nesta base, salientou o cardeal, o diálogo deve desenvolver-se entre universidades e educadores, conscientes do seu papel de defensores da sociedade civil: um diálogo que, apoiando-se no ensino católico, pode contribuir para definir um quadro capaz de ajudar a «explorar, partilhar ideias e começar a trabalhar em conjunto». Tal compromisso é dramaticamente necessário tendo em conta que vários países, salientou o cardeal, «não têm os recursos para proporcionar educação aos seus cidadãos, quanto mais aos recém-chegados». Outras nações, embora com melhores recursos, adotam políticas «que impedem ou atrasam o acesso à educação» por parte dos refugiados ou erguem barreiras financeiras. «Temos muitas boas práticas desenvolvidas por organizações católicas que poderiam e deveriam ser replicadas», observou o cardeal. Por exemplo, assegurar a educação através da tecnologia e do ensino à distância; e promover bolsas de estudo para refugiados e migrantes que proporcionem uma saída profissional e independência económica.
As universidades católicas, especificamente, devem encorajar «o desenvolvimento de uma subsistência sustentável que não dependa da ajuda humanitária», recomendou o purpurado, para uma melhor inclusão social dado que a maioria dos refugiados (76%) passam pelo menos cinco anos consecutivos no exílio; mas são também chamadas a encorajar cursos de formação para agentes pastorais, que participam em vários programas destinados a refugiados e migrantes, e para futuros dirigentes políticos. Não esquecendo, disse o prefeito citando o Pontífice, que a formação dos dirigentes atinge o seu objetivo quando procura desenvolver não só a mente, mas também o coração, a consciência e as capacidades práticas do estudante. Eis o convite aos governos a fim de que, juntamente com a Igreja, assistentes sociais e comunidade trabalhem constantemente no sentido de disponibilizarem oportunidades educacionais aos migrantes, «trabalhando em condições equitativas com uma clara missão e generosidade de espírito».