As Pontifícias obras missionárias como principal instrumento de cooperação sob a direção
As Pontifícias Obras Missionárias são o principal instrumento de animação e cooperação missionária na Igreja universal. A constituição apostólica Praedicate Evangelium diz no art. 67 § 1: “À Secção para a primeira evangelização e às novas Igrejas particulares são confiadas as Pontifícias Obras Missionárias” ( pom ).
São quatro: Propagação da Fé, São Pedro Apóstolo, Infância Missionária e União Missionária. Embora independentes umas das outras, dependem diretamente do Dicastério missionário.
Foram instituídas graças a indivíduos, alguns dos quais eram fiéis leigos; animadas por um profundo zelo missionário, estas pessoas uniram-se para cooperar na atividade de evangelização. Agora estas Obras são os órgãos oficiais da Igreja universal no campo da cooperação missionária e apoiam as várias necessidades decorrentes das missões.
Pio xi foi justamente chamado o Papa das Missões. O terceiro centenário de Propaganda Fide (1622-1922) foi celebrado durante o seu pontificado e teve uma grande importância para a Congregação. Naquela ocasião, o Papa Ratti emanou o Motu proprio “Romanorum Pontificum”, que além de conferir o título “pontifício”, definia as estruturas, tarefas e deveres das três primeiras Obras missionárias: Propagação da Fé, São Pedro Apóstolo e Santa Infância.
A primeira das três foi o resultado das muitas iniciativas e ideais promovidos relativamente às missões. Este tipo de associação de fiéis já existia em França, especialmente após a Revolução francesa. Alguns eram inspirados pelo apostolado da Sociedade para as Missões Estrangeiras de Paris, que pedia orações, boas obras e ofertas para a salvação dos pagãos.
Entre todos estes movimentos de ajuda à evangelização, o da beata Paulina Maria Jaricot de Lião (1799-1862) merece uma menção especial. O seu desejo de associar trabalhadores à sua ação caritativa e missionária deu origem à Associação para a Propagação da Fé.
Na sequência de um pedido de ajuda material das missões americanas, Paulina Jaricot e os seus associados mais próximos encontraram-se pela primeira vez em Lião a 3 de maio de 1822 e decidiram fundar uma associação católica; deveria ter um alcance universal, sem ser limitada unicamente a um determinado país ou continente.
A dimensão universal desta Obra merece uma menção especial. A sua origem carismática foi reconhecida desde o início quando um jovem seminarista disse aos líderes de vários grupos reunidos em Lião naquele dia 3 de maio de 1822: “Somos católicos e devemos fundar algo que seja católico, isto é, algo que seja universal. Não devemos ajudar uma missão ou outra, mas todas as missões do mundo”.
A Associação foi declarada Obra Pontifícia por Pio xi a 3 de maio de 1922, para assegurar a sua maior eficácia e caráter universal. A Obra foi transferida para a sede da Propaganda em Roma, onde se tornou uma parte orgânica da Congregação e, portanto, a organização oficial para a cooperação missionária universal.
O Papa Ratti considerou esta Obra uma atividade principal de todos os outros esforços missionários porque fornecia apoio material para as muitas necessidades das missões presentes e futuras. A Pontifícia Obra para a Propagação da Fé tem a finalidade específica de angariar fundos a nível mundial e promover orações pelas missões. Para tal finalidade o Dia missionário mundial foi estabelecido a 14 de junho de 1926.
A Pontifícia Obra da Santa Infância foi fundada a 19 de maio de 1843 pelo bispo Charles Auguste Marie de Forbin Janson, de Nancy, França, como uma associação de crianças cristãs para a salvação dos seus coetâneos na China e noutros países. A Obra previa a recolha de fundos por crianças católicas a fim de ajudar crianças chinesas necessitadas e foi oficialmente reconhecida pela Santa Sé a 18 de julho de 1846. Em breve, a ideia desta Obra foi alargada até incluir a educação cristã da infância, não só na China, mas em todo o mundo.
O objetivo era encorajar os menores a oferecer orações e os frutos dos seus sacrifícios como meio para ajudar os missionários a proteger e dar uma educação cristã às crianças em terras de missão.
A Pontifícia Obra de São Pedro Apóstolo para o clero indígena tem a finalidade particular de ajudar a formação dos sacerdotes locais. Viu a luz em 1889 na diocese de Caen, também na França, onde Stephanie Bignard e a sua filha Jeanne entraram em contacto com alguns missionários e com as suas necessidades. Em particular, através daqueles que pertenciam à Sociedade para as Missões Estrangeiras de Paris, compreenderam a importância de promover o clero local na evangelização.
O principal objetivo da Obra era fornecer assistência espiritual e material para a formação do clero autóctone em países de missão, especialmente para a construção e manutenção de seminários. Em 1899, a Obra recebeu a aprovação de Leão xiii , que a colocou sob a proteção de São Pedro Apóstolo. A sua sede foi transferida para Roma em 1920, permanecendo estreitamente ligada à Obra para a Propagação da Fé.
A Pontifícia União Missionária foi fundada em 1916 na Itália pelo padre Paolo Manna, do Pime. Na sua fase inicial foi apoiada pelo bispo Guido Maria Conforti da diocese de Parma, que foi também o fundador do Instituto Missionário de São Francisco Xavier. Pio xii conferiu-lhe o título de “pontifícia” em 28 de outubro de 1956.
A sua finalidade é coordenar o compromisso do clero e dos religiosos em suscitar o interesse dos fiéis pelas missões e promover obras de cooperação. Procura incutir um espírito missionário universal nos fiéis, e por isso é descrita como a alma de todas as outras pom s. Inicialmente fundada como associação de sacerdotes (União do clero), o seu âmbito foi alargado a 14 de julho de 1949 para incluir os religiosos e as religiosas.
Difere das outras três na medida em que não recolhe fundos e não se dedica à assistência material.
De um ponto de vista doutrinário, o desejo de cooperação missionária deriva do facto de que a Igreja na terra é, pela própria natureza, missionária.
O concílio Vaticano ii estabeleceu que estas Obras devem ocupar um lugar central na cooperação missionária: «uma vez que são meios quer para dar aos católicos um sentido verdadeiramente universal e missionário logo desde a infância, quer para promover coletas eficazes de subsídios para bem de todas as missões segundo as necessidades de cada uma» (cf. Ad gentes, n. 38).
Do mesmo modo, o novo Código de Direito Canónico no cân. 781 ecoa o ensinamento do Concílio: «Dado que toda a Igreja pela sua natureza é missionária e que a obra de evangelização deve ser considerada um dever fundamental do povo de Deus, todos os fiéis, conscientes da sua responsabilidade, assumem a própria parte na obra missionária».
Também o cân. 791, 2 recomenda o papel das pom s para promover a cooperação missionária a nível diocesano: «nomeie-se um sacerdote para promover eficazmente as atividades em favor das missões.
O “fundo de solidariedade” promovido por estas Obras é parte da cooperação missionária e contribui materialmente para a progressiva autonomia das Igrejas nos territórios de missão. O fundo de solidariedade promovido por elas, por sua vez, frisa o seu principal objetivo, que é apoiar a evangelização.
Como instituições eclesiais, estas Obras são confiadas à direção do Dicastério Missionário, ao qual compete a supervisão da sua coordenação para uma maior eficácia e verdadeira universalidade como organização oficial para a cooperação missionária.
As quatro Obras formam uma única instituição com quatro ramos que partilham o mesmo objetivo principal, que é promover o espírito missionário entre o povo de Deus, suscitando e aprofundando a sua consciência missionária.