Corajosos e audaciosos
Por ocasião do IV Encontro da Igreja católica na Amazónia legal — que teve lugar em Santarém de 6 a 9 de junho, por iniciativa da Conferência nacional dos bispos do Brasil, da Rede eclesial Panamazónica (Repam) e da arquidiocese local — o Papa Francisco enviou aos participantes uma carta para recordar o cinquentenário do primeiro encontro, realizado no mesmo lugar, e o Sínodo de 2019 dedicado à região.
Queridos irmãos e irmãs!
Com o coração repleto de alegria e esperança, dirijo-me a todos os participantes do iv Encontro da Igreja Católica na Amazônia Legal, pois é motivo de especial alento para mim saber que sonhamos juntos “com comunidades cristãs capazes de se devotar e encarnar de tal modo na Amazônia, que deem à Igreja rostos novos com traços amazônicos” ( qa , 7). Ao mesmo tempo, saber que esse encontro faz memória daquele ocorrido nesse mesmo local há 50 anos, é ocasião de intensa ação de graças ao Altíssimo pelos frutos da ação do Divino Espírito Santo na Igreja que está na Amazônia — durante estas últimas 5 décadas — e por quanto a mesma inspira.
Aquele “Encontro de Santarém” propôs linhas de evangelização que marcaram a ação missionária das comunidades amazônicas e que auxiliaram na formação de uma sólida consciência eclesial. As intuições daquele encontro serviram também para iluminar as reflexões dos padres sinodais, no recente Sínodo para a região Pan-Amazônica, como recordei na Exortação Apostólica Pós-Sinodal Querida Amazônia, ao descrevê-lo como uma das “expressões privilegiadas” do caminhar da Igreja com os povos da Amazônia (cf. qa , 61). De fato, nas conhecidas “linhas prioritárias”, frutos do recordado encontro, encontram-se esboçados os sonhos para a Amazônia que foram reafirmados no último sínodo (cf. qa , 7).
Alegro-me igualmente pelo empenho das Igrejas Particulares da Amazônia Brasileira, por meio de suas comunidades, em levar adiante as indicações da última Assembleia Sinodal, testemunhando ao mesmo tempo, pela já enraizada e bela tradição dos encontros das Igrejas Locais, a vivência da sinodalidade — como expressão de comunhão, participação e missão — à qual toda a Igreja é chamada. Recordo com carinho e com gratidão a participação intensa dos que vieram do Brasil à Roma trazendo vitalidade, força e esperança para as sessões do Sínodo de 2019.
Sejam corajosos e audaciosos, abrindo-se confiadamente à ação de Deus que tudo criou, nos deu a si mesmo em Jesus Cristo (cf. qa , 41), e nos inspira através do Espírito a anunciar o Evangelho com novo empenho e a contemplar a beleza da criação, ainda mais exuberante nessas terras amazônicas, onde se experimenta a presença luminosa do Ressuscitado (cf. qa , 57).
Ao depositar tais votos aos pés de Nossa Senhora de Nazaré, Rainha da Amazônia — que jamais nos abandona nas horas escuras (cf. qa , 111) — envio-lhes, queridos irmãos e irmãs, de todo o coração, a Bênção Apostólica, pedindo também que, por favor, continuem a rezar por mim e pela missão que o Senhor me confiou.
Roma, São João de Latrão
31 de maio de 2022.
Franciscus