Também a 24 de janeiro de 2020, como todos os anos, foi publicado o texto da Mensagem do Papa para o Dia mundial das comunicações sociais, que depois é celebrado no sucessivo mês de maio. O texto dessa Mensagem teve como tema “contar histórias” entendido como uma atividade requintadamente humana que se revela de importância crucial e vital numa época de crise e divisão. O próprio mundo, diz o Papa, é um tecido e as histórias que as pessoas contam são os fios deste tecido que está sempre a ser posto à dura prova. Portanto, para tecer novamente laços fortes é necessário que estes “animais narradores”, que são os homens, retomem a antiga arte da narração. Este renascimento é urgente para reforçar as identidades perdidas de hoje, tanto pessoais como comunitárias. Um povo precisa de uma narração, para que as gerações falem umas com as outras e contem as próprias histórias.
A partir de fevereiro ao longo de todo o ano de 2020, foram publicados nada menos que 44 textos “provocados” pela leitura daquela Mensagem nas páginas de L’Osservatore Romano. Intervieram sobretudo artistas, na sua maioria escritores, mas também jornalistas, ensaístas, teólogos... todos leram o texto do Papa e quiseram contribuir com as suas reflexões para criar uma trama, um “tecido” mais amplo e variado que enriquecesse o texto original. O Papa seguiu o desenvolvimento desta conversa com grande interesse e no final tomou novamente a palavra para acrescentar algo, um posfácio que não tenha o caráter de “conclusão” pois, escreve, «um aspeto muito bonito deste livro é precisamente o sentido de abertura, de circularidade, de diálogo». O Papa em diálogo com os escritores, com aqueles que, potencialmente todos os homens, usam a palavra para contar uma história, e finalmente todos, o Papa e os seus comentadores, em conversa também com «o leitor deste livro entrará neste diálogo e prossegui-lo-á na sua vida diária».