«Cada expressão de caridade fraterna e de cuidado demonstrado a quantos foram escravizados e explorados» faz com que a «misericórdia de Deus se torne visível e o tecido da sociedade seja fortalecido e renovado» na luta contra o tráfico de pessoas e as formas modernas de escravidão, disse o Papa Francisco na manhã de 19 de maio, na Sala do Consistório, aos participantes na conferência internacional do Santa Marta Group.
Eminência
Diletos Irmãos Bispos
Prezados amigos!
Dou as cordiais boas-vindas a todos vós que participais na Conferência Internacional do Santa Marta Group, que reúne os líderes de várias forças da ordem, organizações governamentais, civis e religiosas para partilhar competências, experiências e melhores práticas em vista da prevenção e da luta contra o tráfico de pessoas e as formas modernas de escravidão. Agradeço-vos o vosso esforço em procurar erradicar estas atividades criminosas, que violam a dignidade e os direitos de homens, mulheres e crianças, deixando efeitos duradouros nas vítimas e na sociedade em geral.
Nos anos seguintes à sua constituição, o Santa Marta Group dedicou-se a promover uma compreensão cada vez maior do alcance e da natureza do tráfico de seres humanos e a reforçar a colaboração a nível internacional, nacional e local para encontrar formas eficazes de pôr fim a este flagelo e assegurar que as vítimas recebam os cuidados necessários, tanto físicos como espirituais.
Infelizmente, as formas modernas de escravidão continuam a difundir-se, até nas áreas mais desenvolvidas do mundo. Espero que a luta contra o tráfico de seres humanos tenha também em maior consideração uma série de realidades mais amplas, como o uso responsável de tecnologias e redes sociais, e a necessidade de uma visão ética renovada da vida política, económica e social, centrada não no lucro, mas nas pessoas.
A este respeito, gostaria de mencionar também a necessidade essencial de apoiar, acompanhar e reintegrar as vítimas do tráfico de seres humanos nas nossas comunidades e de as ajudar no processo de cura e de recuperação da sua autoestima. Embora a tarefa seja realmente árdua, encorajo-vos a perseverar nos vossos esforços para tutelar a dignidade conferida por Deus a cada pessoa e para defender os direitos humanos fundamentais de quem é demasiadas vezes esquecido e não tem voz. A Igreja está sempre grata por cada expressão de caridade fraterna e de cuidado demonstrado a quantos foram escravizados e explorados, pois desta forma a misericórdia de Deus torna-se visível e o tecido da sociedade é fortalecido e renovado.
Mais uma vez, manifesto a minha gratidão pelo vosso compromisso e cooperação neste campo vital. Formulo-vos os meus melhores votos para o vosso trabalho. Invoco a bênção do Senhor sobre vós, as vossas famílias e todos aqueles que servis. E peço-vos, por favor, que vos lembreis de rezar por mim. Obrigado!