O Papa Francisco dirigiu um apelo às autoridades do Sri Lanka para que «se esclareça definitivamente quem foram os responsáveis» pelos atentados perpetrados na Páscoa de 2019, nos quais morreram 269 pessoas. A ocasião para pedir este ato de justiça que «trará paz» foi o encontro do Pontífice com cerca de 4.000 representantes da comunidade do Sri Lanka residentes na Itália, recebidos na manhã de 25 de abril, na basílica de São Pedro. Acompanhados pelo cardeal Albert Malcom Ranjith Patabendige Don, arcebispo de Colombo, e por nove bispos, estavam presentes também algumas crianças gravemente feridas no atentado. Com elas, 41 familiares das vítimas, que mostraram ao Santo Padre as fotografias dos seus entes queridos. Particularmente significativa foi a presença dos representantes budistas, muçulmanos e hindus. À espera do encontro com Francisco, o purpurado celebrou a missa na basílica do Vaticano, recordando em particular aqueles que perderam a vida nos atentados e orando pela paz. Eis as palavras do Papa.
Estimados irmãos e irmãs srilanqueses, que a paz esteja convosco!
Saúdo-vos com as palavras de Jesus Ressuscitado, que ressoaram na Igreja durante a Oitava de Páscoa.
Viestes de Roma e de várias partes da Itália, em peregrinação ao Túmulo de São Pedro, guiados pelos vossos Pastores. É um gesto de fé e também um bonito testemunho. Obrigado!
O motivo que vos convocou aqui é o aniversário dos trágicos acontecimentos que, no dia de Páscoa de 2019, semearam morte e terror no Sri Lanka. Hoje oferecestes o Sacrifício eucarístico em sufrágio pelas vítimas desses terríveis atentados, orando pelos feridos — alguns dos quais estão aqui presentes — e pelos seus familiares, assim como por todo o povo do Sri Lanka. Do íntimo do coração, uno-me à vossa prece.
“A paz esteja convosco”, repete o Senhor Ressuscitado. Ele é o nosso Salvador, só Ele! Diante do horror e do absurdo de certos atos, que parecem impossíveis de ser cometidos por homens, a obra do Maligno é evidente. E assim entendemos por que o Filho de Deus, o Inocente, o Santo, o Justo, teve que morrer crucificado para nos salvar. Assumiu sobre si não só a morte, mas a crueldade do mal, do ódio, da violência fratricida. A sua Cruz e Ressurreição são luz de esperança nas trevas mais densas. Oremos hoje por todas as vítimas da violência e da guerra, em especial do terrorismo.
Caros irmãos e irmãs, desejo rezar convosco pela vossa Pátria, o Sri Lanka, que tive a alegria de visitar em janeiro de 2015. Rezemos pelos governantes, por quantos têm responsabilidades sociais e educacionais, e por todo o povo. Que as atuais dificuldades possam ser resolvidas com o esforço e a colaboração de todos. Oremos pela Igreja no Sri Lanka: por intercessão de Maria Santíssima, que ela se encha do Espírito Santo e anuncie alegremente o Evangelho de Cristo Salvador.
Caríssimos, mais uma vez, obrigado pelo vosso testemunho!
Não gostaria de terminar sem dirigir um apelo às Autoridades do vosso país. Por favor, e por amor à justiça, por amor ao vosso povo, que se esclareça definitivamente quem foram os responsáveis por estes acontecimentos [os atentados da Páscoa de 2019]. Isto dará paz à vossa consciência e à Pátria!
Abençoo de coração cada um de vós e as vossas famílias. E vós, por favor, não vos esqueçais de rezar por mim. Obrigado!