«A paz não nivela as diferenças, a paz é a harmonia das diferenças», disse o Papa Francisco às crianças e aos jovens do “Piccolo Coro dell’Antoniano” de Bolonha, e aos coros da galáxia que gira em volta da instituição musical dos frades menores da capital da Emilia-Romagna, recebidos em audiência na manhã de 19 de março, na sala Paulo vi . Eis o discurso do Pontífice.
Amados meninos, meninas e jovens, estimados não tão meninos e meninas, não tão jovens, bom dia a todos!
E feliz festa de São José a todos!
Estou feliz por celebrar esta festa convosco, com os vossos cânticos que dão esperança, até nos momentos difíceis, como este que vivemos agora por causa da guerra. É um momento difícil. Vós sabeis que algumas crianças feridas pela guerra já chegaram a Roma, ao “Bambino Gesù”. Oremos por elas. Nós, aqui em Roma, ajudamo-las a curar-se. Estão internadas no “Bambino Gesù”. Rezai por elas. Gostaria de dedicar este nosso encontro às crianças e aos jovens da Ucrânia, concordais?
E há uma razão particular pela qual vos quero agradecer, e não apenas a vós, mas a todos aqueles que cantaram no “Piccolo Coro dell’Antoniano” desde que ele existe. Obrigado, sois talentosos! Agradeço-vos porque vós unis as gerações. Compreendeis o que quero dizer? Significa que as vossas canções agradam às crianças e aos adultos, especialmente aos avós. O pai e a mãe, os avós e os netos cantam-nas juntos. Sim, é assim! Algumas das canções do “Zecchino d’Oro” unem as gerações. E isto é muito bom e importante! Há necessidade de unir as várias gerações, em particular, de fomentar o diálogo entre os idosos e os mais jovens, entre os avós e os netos. É importante: falar com os avós, ouvir os avós. É muito bonito o diálogo entre netos e avós, entre jovens e idosos! Contornando os pais — não faz mal! — mas falai sempre com os avós. É importante! E vós fazeis assim com o vosso canto.
E espero que o façais inclusive na vida diária, visitando os vossos avós... Fazeis ou não fazeis? [Sim!]. Fazeis ou não fazeis? [Sim!]. E quem diz não? Todos “sim”. Visitai os vossos avós. Muito bem! E agora pergunto-vos algo um pouco mais difícil: quando visitais os avós — escutai com atenção — sabeis ouvi-los, quando eles vos contam as histórias daquela época, como viviam as pessoas naquela época? Escutais os avós? [Sim!]. E gostais de ouvir os avós [Sim!]. Ou são tediosos? [Não!]. Fiz duas perguntas: gostais de ouvir ou eles são tediosos? Quando visitais os avós, não faleis sempre; falai um pouco, mas deixai que os avós falem e escutai-os. Ou falais sempre vós? Ou, pior ainda, vedes a televisão ou o telemóvel, sem ouvir? Isso é grave! Dou-vos um conselho: pedi ao vosso avô ou avó para vos contar algo sobre a sua vida, sobre aqueles tempos. Fazei-lhes perguntas, escutai-os. Descobrireis tesouros! Sim, tesouros escondidos na sua memória, no seu coração. São recordações, mas não só, são também pensamentos de sabedoria, às vezes de fé, que amadureceram ao longo do caminho da vida; e são preciosos, especialmente para vós que cresceis.
Isto chama-se: ter boas raízes! Ou seja, ouvir os avós significa ter boas raízes. Sois como rebentos, lançais as primeiras folhas, desabrochais para a vida. Mas, sem raízes, a planta não cresce! Hoje é a festa de São José. José de Nazaré, esposo da Virgem Maria, foi o homem que uniu Jesus ao seu povo, ao povo que Deus tinha escolhido para trazer bênçãos a toda a humanidade. Jesus não veio do nada; não veio do céu como um extraterrestre, não, Jesus nasceu de uma mulher do povo de Deus. Como se chamava a mãe de Jesus? [Maria!]. E Ele tinha um pai aqui na terra, como se chamava? [José!]. E este pai educou-o segundo a lei do Senhor, deu-lhe o exemplo do que significa cumprir a vontade de Deus. E de José o Evangelho só diz uma coisa, uma coisa, muito bonita: era um homem justo, bom. Isto é lindo!
Caríssimos, estou feliz por este nosso encontro ter ocorrido exatamente na festa de São José, porque ele nos ensina que nenhum de nós é uma ilha, ninguém, mas somos parte de um povo, o povo de Deus. E, graças a Jesus, ao seu imenso amor que nos ofereceu na Cruz, este povo acolhe homens e mulheres de todas as línguas, de todas as nações, de todas as culturas. Como um grande, enorme, coro! Vós viveis esta bonita experiência de cantar juntos, de criar harmonia com a variedade das vossas vozes. Pensai: se as vossas vozes fossem todas iguais, todas idênticas, que tipo de coro seria? Seria muito monótono e até feio! Que música sairia? Nenhuma. Não haveria harmonia, apenas um som chato.... Mas somos todos diferentes e a partir desta diversidade podemos formar uma sinfonia de vozes. Para formar uma sinfonia de povos. Isto é importante: que todos os povos cantem juntos, que haja paz. É nisto que consiste a paz. Escutai bem isto: a paz não nivela as diferenças, não, a paz é a harmonia das diferenças. Repitamos juntos esta última parte: a paz é a harmonia das diferenças. Juntos: a paz é a harmonia das diferenças. Compreendestes o que isto significa? Digamo-lo de novo: a paz é a harmonia das diferenças!
Mais uma vez, obrigado por terdes vindo! Abençoo todos vós e os vossos entes queridos em casa. E dou-vos uma tarefa: falai com os avós e rezai por mim, não vos esqueçais!