Estaremos nós fora da pandemia de coronavírus em 2023? Que desafios ainda deveremos enfrentar? Que problemas e expetativas na vida social e eclesial?
No próximo ano será celebrada a xvi assembleia geral ordinária do Sínodo dos bispos “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”, mas também da Jmj de Lisboa. Nada disto é alheio à solicitude do Papa pelos fiéis e por toda a humanidade. Com efeito, tudo o que se refere ao homem e à sua relação com a Igreja e o mundo encontra espaço nas intenções que ele confia à sua Rede mundial de oração. Precisamente para o ano de 2023, o Pontífice quis convidar os fiéis a rezar todos os meses por uma categoria de pessoas, por certas situações, por muitas urgências que necessitam de um suplemento de ajuda do Alto. Entre as intenções encontram-se as dedicadas aos educadores e às paróquias, mas também às vítimas de abusos, à sensibilização para a afirmação de uma cultura da não-violência, bem como pela abolição da tortura. Sem esquecer as pessoas que vivem nas margens e as deficientes.
No plano eclesial, a atenção é dirigida aos dois eventos esperados: o Sínodo e a Jmj. Considerando também que o Pontífice pede preces pelos movimentos e associações e por uma vida eucarística.
As intenções mensais, como explicou em várias ocasiões o jesuíta Frédéric Fornos — diretor internacional da Rede mundial de oração do Papa e do Movimento eucarístico juvenil — nascem de um longo processo de discernimento. As sugestões provêm de todos os grupos da Rede mundial e dos jovens do Movimento eucarístico. É importante ter este alcance universal, que ressalta alguns aspetos caraterísticos de cada Continente, de modo que o sopro do Espírito seja ouvido em todas as latitudes, para ir ao encontro das necessidades de tantos irmãos e irmãs.
Por isso, o primeiro gesto dos membros da Rede é ouvir atentamente não só a voz de Deus, mas também a do próximo que interpela as consciências. A bússola que guia a escolha das intenções é procurar olhar para o mundo com os olhos de Cristo e com a mesma solicitude do seu coração pela Igreja. As propostas não são indicadas apenas pelos membros da Rede, mas também pelos vários dicastérios da Cúria romana e por outros organismos da Santa Sé. Os diferentes temas sugeridos tornam-se objeto de averiguação e de oração por parte de um grupo de vinte pessoas de vários países. No final, faz-se uma votação para selecionar os temas a apresentar ao Papa, a quem cabe a última palavra.
Esta primeira documentação assiste o Pontífice no seu discernimento. A sua visão universal sobre a missão da Igreja, a sua escuta de tantas pessoas e instituições, também o ajudam na sua oração. Em geral, dois meses depois de receber as propostas, Francisco encontra-se com o diretor internacional e confia-lhe as suas intenções de oração oficiais.
Já passaram 178 anos desde a intuição do jesuíta francês François-Xavier Gautrelet, a quem se deve a fundação do Apostolado da oração, que agora se tornou uma Rede mundial. Ele baseou esta obra na espiritualidade do Sagrado Coração de Jesus. Ao longo dos séculos, os Pontífices sempre contaram com a prece fiel desta Rede espiritual invisível. Mediante um quirógrafo, no dia 17 de novembro de 2020 Bergoglio erigiu a Fundação da Rede mundial de oração do Papa como pessoa jurídica canónica e vaticana, com sede no Estado da Cidade do Vaticano. Alguns anos antes tinha instituído a Rede como Obra pontifícia, para frisar o caráter universal de tal apostolado e a necessidade de que todos rezem cada vez mais e com sinceridade de coração.