01 fevereiro 2022
Esta manhã, num muro da estação ferroviária, destacava-se uma frase que me fez pensar. «Deus só existe escrito nos muros», lia-se. Será um epitáfio tardio de um deus morto e sepultado há um século e meio, ou o vestígio de um “além-Deus”, que pode revelar-se no humano?
Pensei que a mão autora da frase em tinta spray poderia ter sido involuntariamente profética, como qualquer profecia é sempre inconsciente, poderia ter dito mais do que pensava dizer. Voltou-me à mente uma bonita palestra de Hans Jonas, O conceito de Deus depois de Auschwitz. Nela, o filósofo recorre à ideia cabalista do tzimtzum, da autocontração de Deus. Segundo este mito judeu, para criar o mundo, Deus, que é infinito, ...
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