Moldávia, Quirguistão, Namíbia, Lesoto, Luxemburgo, Chade, Guiné-Bissau: são os sete países de origem dos novos embaixadores que na manhã de 17 de dezembro apresentaram ao Papa Francisco as cartas credenciais. Durante a audiência, que teve lugar na Sala Clementina, o Sumo Pontífice recebeu as cartas de cada um dos representantes diplomáticos; sucessivamente, dirigindo-se a eles e aos seus colaboradores e familiares, proferiu o discurso que publicamos a seguir, frisando entre outras coisas que «é importante que a comunidade internacional intensifique os seus esforços de cooperação a fim de que todas as pessoas tenham acesso rápido às vacinas».
Excelências!
Sinto-me feliz por vos receber para a apresentação das Cartas com as quais sois acreditados como Embaixadores Extraordinários e Plenipotenciários dos vossos países junto da Santa Sé: Moldávia, Quirguistão, Namíbia, Lesoto, Luxemburgo, Chade e Guiné-Bissau. Peço-vos que transmitais os meus sentimentos de estima aos vossos respetivos Chefes de Estado, juntamente com a certeza das minhas orações a fim de que Deus Todo-Poderoso os abençoe abundantemente e aos vossos compatriotas com paz e prosperidade.
Quando me encontrei com os vossos colegas, há pouco mais de um ano, para a mesma cerimónia, o mundo ainda estava nas garras da pandemia, mas sinais de esperança estavam a surgir no horizonte à medida que as primeiras vacinas começavam a ser administradas. Na época, muitos acreditavam que a chegada delas anunciava um rápido fim da pandemia. Embora tenham sido feitos grandes progressos desde então, um ano depois vemos como a Covid-19 ainda causa dor e sofrimento, sem mencionar a perda de vidas humanas. É importante que a comunidade internacional intensifique os esforços de cooperação para que todas as pessoas tenham acesso rápido às vacinas. Não é uma questão de conveniência ou de cortesia, mas de justiça.
A realidade da pandemia em curso recorda-nos mais uma vez que somos «uma comunidade global onde os problemas de uma pessoa são os problemas de todos» (cf. Carta Encíclica Fratelli tutti, 32). Apesar dos progressos médicos e tecnológicos ao longo dos anos, algo de microscópico — um objeto aparentemente insignificante — mudou para sempre o nosso mundo, quer nos demos conta quer não. Como observei no início da pandemia, é urgente que aprendamos com esta experiência e abramos os olhos para ver o que é mais importante: uns com os outros (cf. Momento extraordinário de oração, 27 de março de 2020). Em particular, é minha sincera esperança que através desta experiência a comunidade internacional chegue a uma maior consciência do facto de sermos uma família humana; cada um de nós é responsável pelos próprios irmãos e irmãs, sem excluir ninguém. Esta é uma verdade que nos deve impelir a enfrentar não só a atual crise sanitária, mas todos os problemas que afligem a humanidade e a nossa casa comum — pobreza, migração, terrorismo, alterações climáticas, para citar alguns — de modo solidário e não isolado.
Embora a pandemia tenha trazido à tona o melhor da humanidade em termos de atos individuais e coletivos de generosidade, serviço e sacrifício, muito ainda precisa ser feito a nível institucional e intergovernamental para promover uma “cultura do encontro” ao serviço do bem comum da nossa família humana. A este respeito, a Santa Sé aprecia o importante papel que desempenhais, como demonstrado pela própria presença diplomática e envolvimento na comunidade internacional. O vosso trabalho, estimados Embaixadores, é muitas vezes feito em silêncio e sem reconhecimento público. Não obstante, já compreendeis o que o mundo precisa de aprender com a pandemia: a necessidade de cultivar relações e facilitar a compreensão mútua com pessoas de diferentes culturas e origens, a fim de trabalhar em conjunto para construir um mundo mais justo. O principal instrumento à vossa disposição para realizar esta tarefa é o diálogo. Em contraste com qualquer conceito pejorativo desta poderosa forma de comunicação, os diplomatas dão-se conta da «força paciente e gentil do diálogo» (Encontro com as Autoridades, a sociedade civil e o Corpo diplomático, Nicósia — Chipre, 2 de dezembro de 2021).
Estimados Embaixadores, no início da vossa nova missão, apresento-vos os meus melhores votos e asseguro-vos que os departamentos da Santa Sé estão prontos a empenharem-se convosco num diálogo frutuoso para abordar questões de interesse recíproco, especialmente as que dizem respeito à humanidade e à nossa casa comum. Sobre vós, as vossas famílias, os vossos colaboradores diplomáticos e os vossos funcionários, invoco cordialmente abundantes bênçãos divinas.
Obrigado!