«Não vivamos um Natal falso» ou «comercial», recomendou o Papa Francisco ao receber, a 10 de dezembro, na Sala Paulo vi , as delegações das comunidades que este ano doaram o presépio e a árvore para a praça de São Pedro e a representação da Natividade para a mesma sala.
Estimados irmãos e irmãs
bom dia!
Dou-vos as boas-vindas no dia da inauguração da árvore e do presépio instalados na Praça de São Pedro, bem como do presépio colocado nesta Sala.
Dirijo de coração uma saudação à Delegação Peruana de Huancavelica, departamento no qual se localiza a aldeia de Chopcca, de onde provém o grande presépio instalado na Praça. Agradeço a D. Carlos Salcedo Ojeda as suas palavras e estendo a minha gratidão às autoridades civis e eclesiásticas, especialmente ao Ministro dos Negócios Estrangeiros do Peru e a todos os que colaboraram. As personagens do presépio, feitas de materiais e trajes caraterísticos daqueles territórios, representam os povos dos Andes e simbolizam a chamada universal à salvação. Jesus veio à terra na realidade de um povo para salvar todos os homens e mulheres, de todas as culturas e nacionalidades. Fez-se pequeno para que pudéssemos recebê-lo e acolher o dom da ternura de Deus.
Ao lado do presépio encontra-se o majestoso abeto dos bosques de Andalo, no Trentino. Saúdo a delegação que dali provém: as autoridades, os sacerdotes, os fiéis acompanhados pelo Arcebispo Lauro Tisi, a quem agradeço as suas palavras. Esta noite, no final da cerimónia de entrega oficial, as luzes que decoram a árvore serão acesas. A árvore permanecerá ao lado do presépio até ao fim das festividades natalícias e será admirada por peregrinos de muitos lugares. O pinheiro é um sinal de Cristo, a árvore da vida (cf. Ap 2, 7), uma árvore a que o homem não teve acesso por causa do pecado (cf. Gn 2, 9). Mas com o Natal, a vida divina está unida à vida humana. Portanto, a árvore de Natal evoca o renascimento, o dom de Deus que se une ao homem para sempre, oferecendo-nos a sua vida. As luzes do abeto recordam a de Jesus, a luz do amor que continua a brilhar nas noites do mundo.
Caros amigos, o Natal é isto, não o deixemos poluir pelo consumismo e pela indiferença. Os seus símbolos, especialmente o presépio e a árvore decorada, reconduzem-nos à certeza que enche os nossos corações de paz, à alegria da Encarnação, a Deus que se torna familiar: Ele vive connosco, dá um ritmo de esperança aos nossos dias. A árvore e o presépio apresentam-nos a atmosfera típica de Natal que faz parte do património das nossas comunidades: uma atmosfera de ternura, partilha e intimidade familiar. Não vivamos um Natal falso, por favor, um Natal comercial! Deixemo-nos envolver pela proximidade de Deus, esta proximidade que é compassiva, terna; envolvida pela atmosfera natalícia que a arte, a música, os cantos e as tradições fazem chegar ao coração.
Quantos vierem aqui, à Sala Paulo vi , nos próximos dias, poderão viver esta atmosfera também graças ao presépio que agora será inaugurado. Foi feito por jovens da paróquia de San Bartolomeo em Gallio, na diocese de Pádua, que estão aqui presentes com D. Claudio Cipolla, ao qual agradeço as palavras. Estou grato por este presente, fruto do compromisso e da reflexão sobre o Natal, festa da confiança e da esperança. A razão da esperança é que Deus está connosco, Ele confia em nós e nunca se cansa de nós! Ele nunca se cansa de perdoar: somos nós que nos cansamos de pedir perdão. Ele vem habitar com os homens, escolheu a terra como sua morada para estar connosco e assumir as realidades onde passamos os nossos dias. Eis o que nos ensina o presépio. No Natal, Deus revela-se não como quem está no alto para dominar, mas como Aquele que se inclina, pequeno e pobre, companheiro de caminho, para servir: isto significa que, para se assemelhar a Ele, o caminho é o de se humilhar, de servir. Para que seja verdadeiramente Natal, não esqueçamos isto: Deus vem para estar connosco e pede-nos para cuidar dos nossos irmãos e irmãs, especialmente os mais pobres, os mais fracos, os mais frágeis, que a pandemia corre o risco de marginalizar ainda mais. Foi assim que Jesus veio, e o presépio lembra-nos isto.
Que Nossa Senhora e São José nos ajudem a viver o Natal desta forma. Renovo a minha gratidão a todos vós, aos vossos países e às vossas famílias. Que Deus vos abençoe. Por favor, não vos esqueçais de rezar por mim.
Obrigado!