Na tarde de 22 de novembro, o Papa Francisco foi ao Ergife Palace hotel de Roma para se encontrar com o episcopado italiano por ocasião da 75ª assembleia geral extraordinária da Conferência episcopal. A cada um dos presentes Francisco ofereceu um cartão com a representação do Bom Pastor e o texto das «bem-aventuranças do bispo», que aqui publicamos.
Bem-aventurado é o Bispo que faz da pobreza e da partilha o seu estilo de vida, pois através do seu testemunho edifica o reino dos céus.
Bem-aventurado é o Bispo que não tem medo que as lágrimas sulquem o seu rosto, a fim de que nelas se possam espelhar as dores do povo, as dificuldades dos sacerdotes, encontrando a consolação de Deus no abraço com quem sofre.
Bem-aventurado é o Bispo que considera o seu ministério um serviço e não um poder, fazendo da mansidão a sua força, concedendo a todos o direito de cidadania no próprio coração, para habitar a terra prometida aos mansos.
Bem-aventurado é o Bispo que não se fecha nos palácios do governo, que não se torna um burocrata mais atento às estatísticas do que aos rostos, aos procedimentos do que às histórias, procurando lutar ao lado do homem pelo sonho de justiça de Deus, pois o Senhor, encontrado no silêncio da oração diária, será o seu alimento.
Bem-aventurado é o Bispo que se comove com a miséria do mundo, que não tem medo de sujar as mãos com a lama da alma humana para aí encontrar o ouro de Deus, que não se escandaliza com o pecado e a fragilidade dos outros porque está consciente da própria miséria, pois para ele o olhar do Crucificado Ressuscitado será selo de perdão infinito.
Bem-aventurado é o Bispo que afasta a duplicidade do coração, que evita qualquer dinâmica ambígua, que sonha com o bem até no meio do mal, pois será capaz de se regozijar pelo rosto de Deus, descobrindo o seu reflexo em cada poça da cidade dos homens.
Bem-aventurado é o Bispo que labuta pela paz, que acompanha os caminhos de reconciliação, que lança no coração do presbitério a semente da comunhão, que acompanha uma sociedade dividida no caminho da reconciliação, que toma pela mão cada homem e cada mulher de boa vontade para construir a fraternidade: Deus reconhecê-lo-á como seu filho.
Bem-aventurado é o Bispo que, pelo Evangelho, não tem medo de ir contracorrente, tornando a sua face “dura” como a de Cristo a caminho de Jerusalém, sem se deixar limitar pelas incompreensões e obstáculos, pois sabe que o Reino de Deus avança na contradição do mundo.