Santo Padre!
Cabe a mim, em nome de todos, agradecer-lhe a visita a esta Biblioteca, a sua Biblioteca, que foi criada para o serviço do ministério de Pedro e que procurou, ao longo dos seus cinco séculos de existência, acompanhar no campo da ciência e da cultura a visão de cada pontificado. Com humildade, podemos dizer-lhe, Santo Padre, que procuramos seguir a sua visão, captando e traduzindo no espaço da cultura as linhas inovadoras e as provocações proféticas do seu ensinamento, e recebendo diariamente inspiração do seu testemunho. Obrigado, Santo Padre. Obrigado, Santo Padre, porque a sua visão nos obriga a sair daquela comfort zone que consiste em viver apenas no conhecido e no repetido; porque a sua visão nos impele a escutar, com inteligência e com o coração, o risco do presente e do futuro.
Estamos num espaço emblemático da Biblioteca Apostólica, a Sala Barberini, que a engenhosidade do artista Pietro Ruffo transformou temporariamente numa floresta. É uma forma plástica e poética de ler a sua encíclica Laudato si’, que nos lembra a urgência de um novo pacto cultural entre o Ser Humano e o planeta, a nossa casa comum. A floresta vem dizer-nos que o mundo precisa de uma nova mentalidade, que nas sociedades devem fermentar novos paradigmas de desenvolvimento, baseados numa ética de integração e cuidado. Como afirma na Laudato si’, o antropocentrismo despótico deve dar lugar a uma consciência da interligação fundamental que nos une ao destino dos outros, respeitando assim o mandato de Deus Criador.
Uma biblioteca não é uma torre de marfim à prova de som onde não chegam os dramas, aflições e esperanças da história. Pelo contrário, a sua missão é ajudar a ouvir melhor, a ver mais profundamente, a compreender de modo crítico e de uma maneira mais orgânica. É também por esta razão que a Biblioteca Apostólica será dotada a partir de hoje de uma Sala de Exposições que lhe permitirá fazer encontrar o seu vasto património com as questões de hoje e as preocupações de amanhã. Num momento de mudanças epocais como a que estamos a viver, as bibliotecas e as instituições culturais não podem ser deixadas de fora. Pelo contrário, é sua tarefa promover a reflexão, divulgar o pensamento e favorecer a arte dialógica e artesanal do encontro.
Estamos gratos ao artista Pietro Ruffo que aceitou dialogar com o Magistério das suas encíclicas, Santo Padre, que indicam à nossa humanidade itinerante aqueles propulsores de esperança que são a construção do bem comum, da justiça social e ecológica e a construção da fraternidade.
Uma palavra de profunda gratidão a quantos estiveram diretamente envolvidos na montagem técnica deste novo espaço (recordo os Serviços técnicos do Governatorato e o arq. Pulitani), e a quantos dos nossos funcionários internos que tornaram possível esta exposição do ponto de vista artístico e científico.
Uma nota especial para os benfeitores e os amigos. Em particular, dirijo um pensamento sincero à generosidade dos amigos de Kirk Kerkorian e da Sanctuary of Culture Foundation, que neste projeto viram um modo de lhe prestar homenagem e de perpetuar a sua herança para o futuro. E um agradecimento aos benfeitores da uniapac , União Internacional Cristã de Dirigentes Empresariais, pela sua indispensável colaboração neste evento.
Santo Padre, a Laudato si’ e a Fratelli tutti são encíclicas pioneiras. Todos nós sentimos a responsabilidade e o apelo à conversão que elas contêm. Considere esta sala expositiva e esta exposição como uma expressão do nosso desejo de caminhar ao seu lado.