Publicamos a seguir o texto do apelo a favor da paz, assinado pelos participantes no encontro, lido pela jovem afegã Sabera Ahmadi e entregue a um grupo de crianças.
No mundo há muitas guerras abertas, ameaças terroristas, violências graves. Está a reabilitar-se o uso da força como instrumento de política internacional. Infelizmente, desaparece uma geração que viveu a segunda guerra mundial: assim, perde-se a memória do horror da guerra. Com efeito, volta-se a pôr em questão os progressos significativos rumo a uma cultura de paz, que fizeram amadurecer uma visão conjunta do destino comum da humanidade.
Os povos sofrem. Sofrem os refugiados da guerra e da crise ambiental, os descartados, os fracos, os indefesos. Frequentemente mulheres ofendidas e humilhadas, crianças sem infância, idosos abandonados. Os pobres, muitas vezes invisíveis, hoje participam de modo especial no nosso encontro: são os primeiros que invocam a paz. Escutá-los faz compreender melhor a loucura de cada conflito e violência.
As Religiões podem fundar a paz e educar para ela. As Religiões não podem ser utilizadas para a guerra. Só a paz é santa, e ninguém use o nome de Deus para favorecer o terror e a violência. Se virdes guerras ao vosso redor, não vos resigneis! Os povos aspiram à paz. Não obstante as dificuldades, a fraternidade entre as religiões faz progressos. Agradecemos a todos os amigos do diálogo no mundo, dizendo-lhes: coragem! O futuro do mundo depende disto: que nos reconheçamos irmãos. Os povos têm um destino como irmãos na terra.
É preciso retomar este processo de desarmamento, hoje bloqueado. É necessário pôr fim ao comércio e ao uso de armas. É preciso fazer progredir o desarmamento nuclear. A proliferação de armas nucleares constitui uma ameaça incrível. É necessário promover a paz. A paz é também respeito pelo planeta, pela natureza e pelas criaturas. A destruição do meio ambiente é devida à arrogância de um ser humano que se sente proprietário. Um eu dono torna-se um eu predador, pronto para o domínio e a guerra.
Povos irmãos e terra futura estão ligados de modo indissolúvel. A pandemia demonstrou que os seres humanos estão no mesmo barco, ligados por fios profundos. O futuro não pertence ao homem do desperdício e da exploração, que vive para si próprio e ignora o próximo. O futuro pertence a mulheres e homens solidários e a povos irmãos. Possa Deus ajudar-nos a reconstruir a família humana comum e a respeitar a mãe Terra. Diante do Coliseu, símbolo de grandeza, mas também de sofrimento, reiteramos com a força da fé que o nome de Deus é paz.
Roma, 7 de outubro de 2021.