· Cidade do Vaticano ·

O Papa volta a denunciar os comportamentos cruéis contra menores

Enfrentar a verdade sobre o abuso e estar ao serviço das vítimas

 Enfrentar a verdade sobre o abuso  e estar ao serviço das vítimas  POR-038
21 setembro 2021

Só «enfrentando a verdade» dos abusos contra menores e «procurando humildemente o perdão das vítimas e dos sobreviventes», a Igreja poderá voltar a «ser considerada com confiança um lugar de acolhimento e segurança para os necessitados», afirmou o Papa Francisco numa mensagem vídeo divulgada a 18 de setembro, véspera do encontro que tem lugar nos dias 19-22 em Varsóvia (Polónia), sobre o tema «A nossa missão comum de proteger as crianças de Deus», organizada pela pontifícia Comissão para a tutela dos menores e pelas Conferências episcopais da Europa central e oriental.

Estimados irmãos e irmãs, estou feliz por vos dar as boas-vindas, agora que estais reunidos para refletir sobre a resposta da Igreja à crise dos abusos sexuais contra menores por parte de membros da Igreja, e sobre o modo como ela pode responder mais adequadamente a este gravíssimo transtorno que enfrentamos.

Dirigindo-me aos líderes das Conferências episcopais do mundo, reunidos em Roma em fevereiro de 2019, manifestei o meu encorajamento a fim de que assegurassem que o bem-estar das vítimas não fosse posto de lado a favor da equivocada preocupação pela reputação da Igreja como instituição. Pelo contrário, somente enfrentando a verdade destes comportamentos cruéis e procurando humildemente o perdão das vítimas e dos sobreviventes, a Igreja poderá encontrar o seu caminho para ser novamente considerada com confiança como um lugar de acolhimento e segurança para os necessitados. As nossas expressões de contrição devem converter-se num caminho concreto de reforma, tanto para prevenir ulteriores abusos como para garantir aos outros a confiança de que os nossos esforços levarão a uma mudança real e confiável.

Encorajo-vos a ouvir a chamada das vítimas e a comprometer-vos, uns com os outros e com a sociedade em geral, nestes importantes debates, dado que se referem verdadeiramente ao futuro da Igreja na Europa centro-oriental, não só ao futuro da Igreja, mas também ao coração do cristão, à nossa responsabilidade.

Não fostes os primeiros que tivestes a responsabilidade de dar estes passos, que são tão necessários, e é improvável que sereis os últimos. Mas sabei que não estais sozinhos nestes tempos difíceis.

Certamente, reconhecer os nossos erros e fracassos pode fazer-nos sentir vulneráveis e frágeis. Mas pode constituir também um tempo de maravilhosa graça, um tempo de esvaziamento, que abre novos horizontes de amor e de serviço recíproco. Se reconhecermos os nossos erros, nada teremos a temer, pois será o próprio Senhor que nos terá conduzido até àquele ponto.

«Com malícia para ninguém e com caridade para todos» (A. Lincoln), exorto-vos a ser humildes instrumentos do Senhor, ao serviço das vítimas de abusos, vendo-as como companheiros e protagonistas de um futuro comum, aprendendo uns com os outros a tornar-vos mais fiéis e mais resilientes para que, juntos, possamos enfrentar os desafios futuros. Que o Senhor vos abençoe, que Nossa Senhora vos ampare e, por favor, não vos esqueçais de rezar por mim. Obrigado!